sábado, 25 de março de 2017

METRÓPOLE

Vi avistarem o sol com a rua prateada
por onde passavam carros também prateados
o asfalto era uma forma de construção
e as rodas ferviam no chão quente
pessoas caminhavam desesperadas
e o desespero era calor que não se atenuava
por mais que gritos ecoassem das avenidas
havia um tremor nas cabeças descompassadas
fieis carregavam cruzes e enfeites de devoção
os hereges blasfemavam contra o poder das autoridades
era cínico o badalar de dentes na cidade
o medo piorava a cada vão momento
e as trevas das concessionárias pediam mais automóveis
para entupirem as luas de um espaço sem ascensão
favelas e suas nuvens embriagavam de poluição
o ar remoto sem controle piorava radicalmente
o mar não serenava na praia do pânico
cada lugar que via era penumbra
hasteando as bandeiras da ferocidade
o manto da discórdia cobria os leigos
e as mãos ocultas do prazer
acariciavam a sabedoria dos lacaios
fazia parte de todo mês de maio
entristecer sozinho num alvo pálido
e atirar as flechas em busca de harmonia








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