sábado, 25 de março de 2017

SÍNTESE DA FOTO

Plantei os trigos da minha infância duvidosa
nos olhos calorentos de um verão pegajoso
e cheio de conjuntos harmoniosos
declamei um poema de pássaros alados e uniformes
pra sentir o cintilar das asas no ventre da coruja
e me virar conforme as notas da música
que cálida e profunda produzia sons furtivos
e passos altivos no ressoar da madrugada
era pálida a minha alcunha de hospedeiro do mundo
me servia de alcateia aos lobos da perseguição
e os louros da sofreguidão austera e sem comoção
me subiam a cabeça desvairadamente
com um único grão de semente
a rodear o chão por onde pisava
e os menores infratores destilavam conhaque
no som etílico que se propagava meio ao caos
nem todos as leis empíricas calariam diante dos tremores
e vi em meio à sombra dos curtumes o calor dos suores
que serviam de magistratura holística
frente a doença que assolava a cidade
e a crença de homens alados e celestes
perpetuava além da imaginação
além do festivo despertar da oração
e era notória a caligrafia do tempo
procurando assinaturas comoventes
as casas onde moravam os eremitas
passavam em branco diante das marcas
que cobriam a face injuriada dos tolos
semeei truques que calariam meus pés
num compasso desajeitado
e diante das fortalezas vi as tropas do coronel
aliviarem as nuvens do céu
com um sussurrar doce e meigo


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