domingo, 10 de dezembro de 2017

O SOL CLAREIA A ESCURIDÃO














No que afirma a negação
funcionários não estão prontos pra demissão
oratórios estão prontos pra oração
cativam a fé da multidão
dicionários sabem de cor a correção
e simplórios buscam a simplicidade
em cada veia que os une ao coração
o tédio é contra indicação
o sério deve acumular distração
porque falta nele riso e empolgação
calendário é pra ver os aniversários
já dromedário aguenta o sol
como loucos aguentam seus diários de ilusão
o armário é local pra guardar vestuário
admiramos nossos reflexos no espelho
por brilharmos como nossos admiradores mais cedo
sedentos por amor colhemos um relatório
que diz que amar é importante e contagiante
o velório é pra fracos que não sabem viver
já o necrotério pra fortes que não sabem morrer
o relógio deve apontar para os sábios
que têm como sabedoria seus históricos
e amanhecer de modo solar parece vitória
que veio nos entreter

sexta-feira, 1 de dezembro de 2017

VEREDAS E VEREDICTOS













Céu seu de meu réu
juízo inicial de um brilho intenso
mergulho frontal de um riso
dentro de outro riso
humano mergulho dos sentidos
um furo nunca está vazio
preenchido de luto está o nunca
o furo continua cheio de limo
num espaço sideral de líquen
o fungo continua a sorver em sino os cogumelos
há som no feio que circula no lindo
morfologicamente falando
o ilusório se torna real até que se prove o contrário
o fictício de um tigre almeja a escultura viva do leão
céu seu de meu réu
o azul celeste se camufla de branco
pede a veste de uma nuvem emprestada
aparente travesti de forma pálida
carece de trocas ingratas e hálitos de informação
cheiros de costas e aromas de frente
tudo é válido até que se prove o hábito do coração
a cor da ação perpetua no embaraço
a coroação da espécie apetece a evolução dos gases
ares de amor
bares da premunição
vales da construção
exagero quando falo do céu
mas não bailo sobre o juízo do réu


LANCE DE MÃOS DADOS




















Vitória de tapas
glória de palmas
bati palmas e elas doeram
alternância de nervos
ótica que vê desesperos
é cínica a abundância da dor
pois vi a vitória vencer e aliviar qualquer gesto
a mimica dos tropeços
um tombo que a inércia da mão provoca no outro
movimento de choro passou rente aos meus poros
sou soro contente da comédia e do drama fosco
que cobri agora de alegria e conforto
qualquer descuido atrás do morro
só posso estar feliz
diante da magnitude da medalha de ouro
sou eterno primeiro colocado
de um chafariz regenerado
feito com o giz do amor
com a raiz do orgulho embrenhada
na mata do sossego
fôlego de um mito grego
realidade de um mergulho bem sucedido
e profundo esquema tático diante do perigo
de peito aberto perante a vida me entrego
eu zombo do cílio onde a cigarra canta
fecho o néctar da vista
e assimilo brincadeiras de criança
foi ironia do destino
a verdade é que eu acredito no som da harmonia
já brinquei de monarquia
rei e rainha
viva a trilha de acesso dessa companhia
chega de tirania

quinta-feira, 30 de novembro de 2017

DA LÃ AO LÁ NEGRO














Aceite o cinto da mudança
aperte a veia da segurança
sobre o embrião automotor
aceleram vidas com pudor

no carburador há mão oca
carapaça em rosto andante
que cerrando olho volante
perde o freio da sua boca

degenerando ferro velho
restruturando ponto morto
bateria abate cisto posto
e chassi faz despautério

Cristo é prego do meu eu
reles protótipo carismático
anjo bento do oceano ateu
mentira fanática do prático

trocar alavancas bilíngues
falar mais que uma estaca
suplica nocaute aos ringues
rosários sem rosa escassa

Deus boxeador atira pedras
delas nós fazemos sopa
Madalena come a trompa
que Maria abocanhou deveras



IRRESISTÍVEL

Irresistível
uma louca doida ensaiando insanidade
acima de todas as coisas
irresistível
um crime realizado com perfeição tamanha
que nenhum juiz condena à prisão perpétua
uma libélula voando solta na amplidão do céu
um véu 
grinalda e casamento
aliados com aliança no dedo
uma criança brincando de escoteiro
ateando fogo com gravetos
irresistível
emblema de marinheiro
água no banheiro
quem quer tomar banho no chuveiro?
irresistível
poema com direito a rima e trocadilho
você que segue o trem pelos trilhos
não fica a ver navios?
quando passa uma mina pela rua
você pensa logo e dá um assobio
por que aquela mina é tua
e mesmo tímido sempre há o calafrio
o medo de ser abandonado
mas é irresistível
cada momento é sagrado
condecorado
quando se colhem as flores bem pensadas
e o arranjo fica mais bonito para o teu amor
tudo vale tudo
não tem nada que não valha nadar
em busca do teu solo firme e do teu mar
busque o bosque
o teu amor não é trote
é pura realidade
é sorte simplesmente
de encontrar nas províncias de teu lar
uma chama que acesa cresça no olhar
irresistível





LAVABO

Feliz por estar cambaleando de sonho
e enxergando o pesadelo de ontem
como não tem par de erro
nem fonte de desejo imundo
a todo custo sou limpo
a todo preço o esguicho me lava
é lava d`água que ilumina a pepita de trigo
a fertilidade da chuva me encaixa como uma luva
enxágua os sonhos felizes de um novo mundo de paz
e faz de gota e lavabo
o primeiro passo que segue em frente
eu não acabo com meus gastos
pra procurar qualidade naquilo que faço
trago rosas e cactos
espinhos cravados
aqui transformados em Nilos de amor
e um rio de lágrimas não irá me deixar muito mal
atravesso portais de chama que me chamam
areia e sal nas ondas do mar
um poema de rã pula no pântano
e sapo do alto do antro da perdição
achando e sarando o Saara na praia de Bagdá
será que dá o coração do Brasil?
pulmão de ar respirando com a força da vitória o cantil
um canto mil
um lado viril
um braço
um pedaço
um beijo de sítio
uma chácara de índio
uma canoa
ele caçando voa
e eu corando de vermelho
sou a cor do amor no sangue do avô
e ela a mãe que dá luz a lousa
que escreve o futuro no futuro do caçador
musa de todo esplendor
que deu a luz a seu filho
que deu a luz e suor

CEDO O MEDO

Medo é ter medo
cedo é acordar tarde demais
vidro é quebrar a vida
o corte da vida
cidra é adoçar o esmalte do dedo
ter as mãos afiadas diante do cego
cego é não desapontar a sombra dos males
emprego é trabalhar pela paz em outros lugares
aqui e no sossego decorar os papeis dos atores
prego nas páginas dos escritores
motores a álcool aquecendo combustíveis
fogo lacrimejando nos crocodilos menores
lágrimas falsas de seus falsos senhores
córrego d`água por onde drena o náufrago e o apego
apego pelas coisas materiais
e pela benção dos meios sociais
figo é fruta do pecado
sociedade é vestígio do pecado
visgo é culpa do terno engomado
voltemos á estaca zero dos gomos da fruta
fico por dentro de qualquer mudança de atitude
sinto-me o réu confesso de um atraso imediato
mergulho sem boia
fumo sem charuto
jogo lego sem esquentar a cabeça
encaixo as peças de um quebra-cabeça
defunto é o viúvo morto da própria insônia
e o fluxo de um vivo é a chama acesa de anteontem
tudo é luto quando abuso e concluo que está escuro
escuro é um pouco mais que meio muro
mundo é o mudo que não deu certo diante do susto
puto estou hoje
quando estou pronto acabo com o poema do medo
ao ponto de trazer a coragem pra bem perto
defeito é trazer a qualidade pra longe do peito
eu sei faço tudo desse jeito remoto
controlando o leito

terça-feira, 28 de novembro de 2017

BESTIAL KILLER

Qualquer zelo no cotovelo
é uma patada no meu erro
se mantenho o desmazelo
envio ratazanas pro bueiro

na falada da noite rouca
vibra orifício sem indício
vaca atolada lava louça
com ruminante rebuliço

Chifres impermeáveis da razão
dando um coice neste touro
você cavuca os miúdos do não
e arranca as vísceras do mouro

unicorniamente estou ao léu
decapitando cabides sem gancho
grampeio martelos sobre o réu
que prega parafusos no tacho

enquanto nicotina traga maços
no ventre das éguas mal paridas
fumo crinas em rabos de tabaco
violando os alicerces da partida

apesar do contra-regra se regar
à bruma de um canteiro repentista
construo o regador sem molhar
as saunas condensadas no artista

Rebanho banhado em duplicatas
que clonam o ciclone turbinado
pulverize progenitores psicopatas
desinfete o agrotóxico destilado

juramento pisoteado no lamento
e fúnil viril sem uma gota de fúria
são fobias,o boicotado fermento
a mancar nos tendões da luxúria

Bestial Killer no país das novilhas
degola pastorinhas e criancinhas
a fim de esquartejar mil maravilhas
entre as quais sete são serpentinas


sexta-feira, 24 de novembro de 2017

OPERANDO

Próspero ópio que opero
nesta ópera desafinada do meu cérebro
brota uma esfera de proporções quilométricas
estou com a cabeça nas nuvens
e com restos de ferrugens
já não estou consciente do meu ser
sou uma fera indomável
estimulada pelo prazer
de reatar com minhas drogas
o que fazer?
tentar me aproximar a meu ver
do que me traz alegria
fenômenos de pura satisfação
somar em nome de meu Pai
toda e boa felicidade
que vem do coração
sem repúdio á cidade
sem baixaria
ser um discípulo do pular
mais alto do que se pode
esbanjar total euforia e ansiedade
a ópera tem que vir da alma
operando leves estruturas
quanto ao ópio deixa-lo longe daqui
meu cérebro será feliz quando
eu encontrar minha matriz
invés da filial
que não me dá força motriz
pra rezar e amar com gratidão
preciso de afeição
e não de defeito de fabricação


domingo, 19 de novembro de 2017

HÁ LÓBULO POR TRÁS DA RAZÃO

Tenho um pequeno lóbulo na orelha 
igual tinha Van Gogh 
hoje tenho vontade de nhoque 
pra me alimentar de você 
tenho várias opções
um leque pra abanar corações 
e me refrescar com você 
um cheque-mate pra nunca assassinar você 
mesmo quando eu como glacê 
ou te dou um bolo porque fez por merecer 
me lembro sempre de você 
meu pavê feito pra comer 
com os olhos diante da tv 
lembra nossas noites de prazer 
como eu te quero meu bem querer
 feito uma flor que vai florescer 
durante a primavera meu amor 
quero te amar com toda cor 
de um arco-íris que vem me ver 
mais flecha do que arco 
mais Amazônia do que Acre doce 
que vem me entreter 
quero usufruir de você 
durante a insônia ou acordado 
quero te ter cupido do meu lado


sexta-feira, 17 de novembro de 2017

TÁXI UIVAR















Jurei manter em gritos meus sonhos
afogar a venda de meus eventos
surrupiar agenda de meus segredos
é meio termo que treme
nesses dias dilacerados
é noite que desnorteia
nesse inverno invertido
procuro a uruca de minha cuca
a túnica lúdica das fumaças
é com a pudica lira crônica
que a súplica leva surra
mas não aguento muito veneno
a laboriosa chibata
agonizante dentro de meu ventre
e sobre os uivos de meu tórax
um táxi conduz os lobos
à garagem das alcateias
é lá que devem ficar as feras
longe de minhas tabernas

terça-feira, 14 de novembro de 2017

LEITE DERRAMADO


Há um desvalido de sinceridade constante
que deixa minhas veias autistas
não se revelarem como sangue de artista
e que faz águas vermelhas se perderem
à margem de um sofrido continente
quem não é honesto e se perde nas areias
caquéticas do mau funcionamento
não consegue drenar sua maré viva
deixa sim as artérias correrem desalinhadas
e nos desatinos das curvas onipresentes
solta os fardos mais que pesados
e não afrouxa os fechos carpinteiros
das velhas encruzilhadas
são carpideiras destilando o fel
feltro feito de irremovível verniz
que respinga no vinho vencido das igrejas
e seja por pueril vigília de um traste qualquer
ou por pestes que vivem a míngua na sarjeta
nunca enganarei meus córregos
aterrado-os em artérias
não colocarei rejeições em meu leite derramado
sentirei severamente as cócegas de minhas tralhas
trocarem as vestes dos armários
e tocarem de pranto aberto
novas possibilidades de risada
sobre as gôndolas leiteiras do passado
não sentirei mais as dores verbais me assolarem
nem o ganho e a perda de minhas natas
me amamento de idéias hilárias
e corrijo nesse corredor de óvulos
hábitos de uma grandeza sustentável
para multiplicar os alívios de compensação
não colocarei em meu corpo
fluidos e sêmens da rejeição
nem farei a asma que contem as palmas
sufocar de aplausos a reticência de meus atos
se as exclamações de minhas entranhas
optarem por horas a fio de interrogações
ponho vírgulas e pontos em minhas emoções


BARRA DE FORÇA




















Forçar a barra para que se faça a cura
a curva da alma em prol de um urro
que propague no espaço das feras
e faça de todos cidadãos fortes

Mensageiros do trauma
não irão guerrear com os sustos
nem fazer da fé uma ré de falhas
para que perdure a revés dos fracos

Intrépidos guerrilheiros irão fecundar suas jubas
para que nasçam leões nos colos dos aventureiros
já a lua dos lobos enfrentará caminhos inóspitos
para que se explodam canhões nervosos

Enfraquecer os inimigos é uma abordagem de bandagem
onde só se cobrem maus ferimentos
o importante é se tornar amigo dos lacaios
formar jogos lúdicos com os bandidos

Fúrias afuniladas nos porões irão se soltar
e do interior dos continentes nascerão gladiadores
que ofuscarão os nódulos infames dos fraquejados
deixando golpes de reatores renovados

segunda-feira, 6 de novembro de 2017

UM ARSENAL DE SENTIMENTOS

Uma avalanche de incidentes precários
não virá servir de subterfúgio a escassez
ao dilúvio mediúnico que há de captar
em auroras enevoadas meu silêncio
amiúde conquistarei sopros cartesianos
implantarei o soro da cura
para que possa redimir meus fracassos
acenderei o cetim no fetiche das bigornas
gerando leveza em vez de lugares pesados
um entulho fará varreduras em meus brônquios
e trará frescores á órbita cintilante
todo ar que respiro tem um lar
e assim morarei aliviado e menos tenso
sem perder o senso do exímio
pois não quero bancar o ridículo em meu veio
no seio da terra que me cria particularidades
haverão partículas de um bem querer amoroso
lá impostarei a voz para ecoar nas grutas
me sentirei em casa devastando horizontes
nas partituras dos meus sustenidos
darei um tiroteio mensal aos meus gritos
mas um tiro de flores a lavar a alma
com cheiro de canções encantarei meus pulsos
e a serviço dos brilhos do sol
luzirei sobre as chamas iluminadas do amor
é bonita cada virgula que se torna ponto
a exclamar suas afinadas indagações
me lamuriar não está nos meus planos cerebrais
mas está nos momentos arejados em que uso a mente
mente dos cobertores a me socorrer
a trazer conforto para todo o meu corpo
esquentando como viseira os cílios
mais perturbadores e insones
agora acordo para as idas e vindas do espírito
que elas não tentem medrar minha carcaça puritana
mas que tentem tornar obra os restos da sobra
sobra embutida em um criado mudo
que se torna servo liberto e fala palavras doces
a beleza do mundo está em saber o gosto e o gesto
e não em se atenuar ao custo e ao velcro das incertezas
nem ao sustos dos absurdos e dos mestres inglórios

ESTÁ BOA A VISTA PANORÂMICA?

Encobrir vista panorâmica
é se deliciar com as montanhas
que cobrem a vastidão da terra
saciar doses diárias de encanto
é impostar vozes nos prantos
não deixar o choro se acumular
nem mesmo que gotas de chuva
se empocem atrás da serra
de costas para o mar
é avistar o sereno da madrugada
o semblante das faces pálidas
e mesmo assim se encorajar
é não temer o frio vespertino
nem se escandalizar com a poeira
que varre os territórios nacionais
proteger o lajedo num culto ao amor
é não se ocultar de sonhos
é se libertar em meio as emoções
mesmo que tórridas declamem ilusões
é varrer do mapa as enxurradas
e deixar que o clima ameno
se prolifere mesmo nas noites declinadas
quando as estrelas caem do céu
e se tornam luzes de brilho cadente
é surrupiar o amante num gesto de afago
sorver toda paixão restante do amado
conter em gotas murmurantes
o continente de ilhas do naufrago
é não se equiparar ao exílio nos trópicos
nem se afastar de um dia de verão
é aproveitar o calor do momento
e num banho de cachoeira se deleitar
não medir esforços para os acordes
que acordam as cordas do violão
é bocejar os centros da atenção
e nunca mais dormir disperso
é pedir um beijo a namorada
e o seu carinho não ser o resto
como as sobras de um lindo sentimento
se dar por inteiro em viagens insólitas
mesmo nas horas mais incertas
pedir a ela um gracejo
ser merecedor do arco- íris
é caminhar com as cores no coração
não ver o mundo em preto e branco
nem mesmo pintado a ouro
quando se tem uma única sensação
que a áurea alma há de enrijecer a razão
é aproximando do peito o colírio
que se chega mais perto dos olhos
se vê as belezas da natureza
que uma pessoa se engrandece como homem
ou se tem o frescor das riquezas
almeja o teor da sensibilidade
e se vê como uma linda mulher
abrindo a vista incansável para perfeição
não deixando morrer
os lábios de sua infindável sedução
contar cada segundo de sua vida
é abrir de vez noticias de um diário
confiar nos seus amigos
mesmo que esses sejam os mais lunáticos
devemos amar uns aos outros
para que pingos de esperança
perdurem em nossos lares
como ondas na praia

quinta-feira, 2 de novembro de 2017

UTOPIA REALISTA

Foz que deságua no sótão
penhasco da onda viva
estilhaços não me faltam
fundem a acidez corrosiva

culminando em espécies extintas
quebrando a barreira central
afago corredores em tintas
que mancham meu avental

por debaixo dos panos
entrego mãos sem pulsos
ao inimigo dos enganos
assim remendo os dorsos

quando fuzis AR-15
desprendem balas dos bolsos
soda cáustica vira deslize
cópia xerocada dos descalços

Mestre disfarça sua máscara
desencadeia plumagem óssea
moldura a febre que não sara
disseca as hortas da fossa!

se eu apagar o céu da boca
perderei a menina dos olhos
da mesma forma que uma louca
irá destrinchar seus galhos

gravetos são gotas do oceano
a erguer edifícios sem paredes
em conexão com o mediano
mortaliza heróis de band- aid

embora cortiços destelhados
venerem o âmago da mutação
contribuirei para os atarefados
que bifurcam a transfusão

Utopia das autópsias
que ricocheteiam o cometa
deixa que eu seja as biópsias
dessa avenida estreita!

Cobiçável ganância ritmada
hasteio a bandeira ocidental
você está mais distanciada
vizinha a era glacial!








terça-feira, 24 de outubro de 2017

LUTA ENTRE TORRES

Sobre a luta de espadas
desafiarei as amarras
com meus punhos e garras
lâminas afiadas
subirei as escadas
um tanto quanto alongadas
e chegarei do outro lado do mundo
afiando as laçadas
dessa minha corda escorada
num tambor que não chora
água parada
lágrimas escoam
pois estou numa sede viajada
de miragens,oásis e nada

num combate de comparsas
o inimigo faz outra jornada
e você procura a amada
vinculada a teu coração
que é mais do que alma purificada
teu rival quer despertar o mal
através de mágoa disfarçada
e você a léguas da distração
quer estar presente em um regalo
bem embalado
sem arma ou excesso de dor
quer ser presenteado pelo amor
numa batalha sem antecedentes
criminal é teu ar marginal

e quanto a mim repouso num circulo dourado
macio como um estofado
a me acomodar feito brilho latente
desse jeito brilhante de fato
precisa ser áureo ou prateado
para estancar meu ódio
e torna-lo gárgula petrificado
bater as asas de concreto
sem demasiado entusiasmo
se for pra ser dura a vida que seja torresmo
ou uma torre a esmo
com utilidade ou lisonjeiro porte arqueado
que não caia cá do meu lado
mas mantenha um ritmo elevado

sexta-feira, 15 de setembro de 2017

SUSPIRO SUSPENSO













A elipse do lapso
a cor do lápis
o contrário
o contraste
o eclipse da Lua
carregado pelo guindaste
o Astro não é peste é haste
o vasto é contente não é fraude
mato
cabelo
suspensos no ar
mosca
novelo
suspensos no ar
pena
linha de carretel
suspensos no céu
e assim vou ao léu
suspirando de amor
com toda joia
com toda dor
com toda noia
com toda flor

PODER

Posso escorregar
posso tropeçar
posso me cansar
posso não alcançar
mas continuo sendo eu
naquilo que difere você de mim
um vero outro de festim
um nada o outro surubim
um punho outro sonho
e atraio toda luta que empunho
nos braços do poço onde me distraio
mas acordo a quilômetros de um raio
protegido ás vezes eu mesmo caio
alguns batem palmas eu lion
leão com coragem de tubarão
me encharco desse shark
e abocanho minha batalha
com dentes e sem aflição
avanço no mundo de soslaio
mesmo que haja distração
mais aplaudo do que vaio
pois mês de maio é quando me apoio
na valentia daquela ventania
e assim sou carregado feito berço
ou talvez feito beiço
no fundo eu sou criança
mas adulto eu me forneço
pra qualquer mercado
onde a vida me cobrar
força a qualquer preço



quinta-feira, 27 de julho de 2017

SOBE E DESCE CINZA


















O que cai do alto
desce rápido
o que é queda no asfalto
desce no paralelepípedo
e assim sucede algo incrível
um torpedo à velocidade suscetível
caindo na cabeça do arrependido
será sonho ou mito
quebrar um cérebro realístico?
é fictício meu medo de rachar o crânio?
vou fazer baliza com meus miolos
provar que sou mais sábio que tolo
sem derramar uma única gota de sangue
pela massa cinzenta ou pelos meus olhos
quero que pelo meus poros
vente a brisa mais notável
acompanhada de estilingue
que vai e volta como bumerangue
para me arrebentar diversas vezes
eu imploro me mate pela metade
porque quero estar vivo
quando o nocaute acontecer

ÁGUIA DOS MEUS JOELHOS




Invés de água está saindo águia
dos meus joelhos
será liberdade abrindo asas
sobre minhas patelas?
ou mágoa de rosas
retirando as pétalas?
prefiro a opção de ser livre
no bem-me-quer da vida
sem espinho ou qualquer ferida
ter a sensação do vôo
sobre minhas costelas
será a força dos pulmões
inspirando o mais belo dos corações?
minha válvula de fique e aproveite o dia
é maior que a de escape
fuja antes do escalpo
pra que a cabeça da gente
possa compreender melhor a mente
e não ir embora urgentemente

NASCIMENTO

Diante do irrespondível
um som audível vindo do coração
e as mãos reatam a paz
de um sonho lindo
liberto de qualquer prisão
viva libertação
que ecoa nos quatro cantos colaterais
e quem sente é o ser humano
filho do santo no ninho dos pais
mãe não se perde de ninguém
do ventre vem a fuga dos mortais
e quem cala também consente
que o amor pertence aos deuses astrais
horoscopo anti horário
se confunde com binóculo pra ver estrelas
e o cerne da questão é constelação
que constata que o x da razão
não é tesouro irracional
e sim a fibra hibrida da filha
que namora num tom lunar
o mesmo lunático de anos atrás
e no bom útero macio
um recém nascido
não se perde do umbigo mole
que o define como bebê emocional

quinta-feira, 13 de abril de 2017

VIAGENS

Enraizado em raízes de risadas
o humor não é tumor do amor
não rouba o lóbulo do ladrão lógico
nem ouve as avessas as aves pelas pernas
o chão é mais barulhento e voa mais alto
não ladra o silêncio que também o absorve
a semente é culta
e de uma casta que se alastra
é vasto o grão do astro
na via láctea há quem diga que gramas não são gralhas
mas crescem e plainam em pianos que não dão errado
nos céus estrelados é só tocar a música certa das nuvens
que elas mudam de figura e escutam as escotilhas
que se abrem nos arbustos
nas moitas armadilhas não se escoltam
as mãos lançam seus soldados
e assim caminha a humanidade
dos vastos campos guturais
em vozes tropicais
vão e voltam durante a pilotagem de seus pilotos
no óbito na vida ou numa curta viagem
da Galícia até a Galáxia numa órbita sem abortos
iluminando as plantas e seus planos de alta voltagem

CRESCIMENTO

Avanço no peito de aço
me jogo de frente ao nervo ótico
acendo uma vela de modo frenético
com meus poderes mais que óbvios
nada passa por meu corpo astral
tudo parece mais que normal
mas faço tremer o solo
com a mesma rapidez que me entrego a você
é um jogo de múltiplas façanhas
que me faz acordar e não adormecer
não canso minhas pernas
porque delas necessito para me firmar no chão
e para correr atrás de você,coração
as sementes do meu alvo predileto já foram de pedras
hoje fazem crescer tantas ervas
quanto as cores que carrego nos olhos
tranço um fio de fendas que cobriu minhas mãos
como luvas a me proteger de um amor sereno
mas quero ficar livre para gostar de quem
me acompanha no timbre dos sonhos
no time dos estranhos
que venho a conhecer com incrível sabor
as pessoas que conheço hoje
elas serão fatores que me levarão
a descansar os medos
e a colher segredos mais que profundos

terça-feira, 11 de abril de 2017

UM BOM

Um bom samaritano diria
não se esquive de fulano
quando tal age como humano
e não como abissal fera brutal
as vezes ele quer ajudá-lo feito santo
diante as virtudes e qualidades
que esse homem tem
e não arrecadar fundos pros defeitos
pois esse é o melhor jeito
de seguir ondas de caminhos estreitos
um bom sujeito se dá ao prazer
de ajudá-lo e não destruí-lo em poucos
severos segundos de irritação
atende as rondas do coração
e caminha suavemente pela imperfeição
sabe que todos temos cicatrizes
e é isso que nos faz únicos
cometer erros e mesmo assim
sermos felizes para sempre
um bom samaritano sara com seu manto
quem precisa de proteção

DESCARREGAMENTO DE CAUSAS

Quero esvaziar o pote
antes do poente suar
e começar a escoar
água dos meus olhos lacrimais
não deixo minhas emoções para trás
secarem como gotas matinais
dentro desse mesmo forte
não há espaço para trote
marginais
e se vocês insistem
em perseguir a morte
saibam que a vida é demais
mesmo seca ou com água ela é demais
mesmo fresca ou quando enxarca ela é demais
lágrimas são para serem calmas
mágoas são para serem traumas
léguas são para serem saunas
tréguas são para serem pausas
éguas são para serem raças
e réguas medidas das castas
vamos saciar a sede com as balsas
amarradas nas cordas
torcer pra que chova logo
e eu me sinta um lago molhado
e como as balas de revólver
não derramar vinho
em teus álbuns de retrato

SOPRO DE CONSOANTES

Fugi do colosso
do colapso
do colérico
atingi o clímax
o tempo
o clima
ouvi a Calipso
eucalipto
eu canto chupando pirulito
era um mito
um Minotauro
um astronauta e seu vínculo empregatício
eu não minto
só omito o íntimo fatídico
era um raquítico
um peso morto
teso na viés do contorno
cesto que comporta o futuro
um dinossauro meio surdo
tesouro sem valor absoluto
besouro que não ouvia na juventude
osso duro de roer com a idade
bezerro desmamado
um faraó embalsamado
um salafrário oculto
nem presente no dicionário
tudo e mais um pouco neste mundo adorado

AGUARDENTE

Aguardente não é o que você exprime nos dentes
e que vai espremer na mente
como um líquido contagiante
a guardar num sorriso contente e ás vezes cortante
é um crachá de cachaça
que você quieto ás vezes bagunça feito adolescente
ou apresenta para o vigia ali da frente
pode levar na piada ou como faca afiada
numa conversa interessante ou de forma alterada
pinga e resvala no teu índice de audiência
faz você perder a consciência de maneira rala
ou nas profundezas
distrai tua beleza ou com certeza faz
quem bebe enxergar o mundo de um jeito maneiro
ou prepotente
serve como ouro pra garimpeiro
ou sangue pra psicopata
muda teu modo de encarar o semelhante
ou camufla tua própria carta
fazendo você assistir de camarote
tua morte ou tua descoberta
mas não renuncia de uma vez ao que pode te deixar contente
é como hidratante para tuas rugas de expressão
pode te realçar ou cambiar teu coração

sábado, 8 de abril de 2017

VAMOS

Vamos escancarar de vez o resto do talvez
apoiar o sim o não
uma única vez
para alegrar o mundo
a robustez
que abre a terra
o chão
o prazer de vocês
vamos com altivez
na base da altura
trazer a belezura dos porquês
vamos com acidez
adoçar o mês
que antecede cada ano que fez
por merecer dias
meses
segundos
e vez
vamos de forma corriques
fazer o manejo dos trens
cada vagão
coração
palpitar com avidez
era uma vez
um pequeno gigante
menino das três
que abocanhou plantações
de repolho
couve chinês
vindas de um camponês
dê boas vindas aos pobres
aos nobres e ao marquês
vamos sair das tvs
ir aos campos de trigo
figo
fazer por merecer cada revés
cada vintém
a sorte de um freguês
que compra o que vem oferecer
cada agricultor japonês
pela mão
que colheu o mamão
vamos esquecer a escassez
lembrar da boa colheita
da feira de todo dia
com alegria
fartura
fortuna
celebrar esse dia com doçura

quinta-feira, 6 de abril de 2017

TÉDIO EXTRA

Tédio extra
cedo eu misto
mistura de prédio e precipício
abismo
eu cismo
fecho meus cílios
abro os olhos
nessa terra de símios
moto- serra que eu sigo
vivo
morto eu corto
as ervas do paraíso
para isso é preciso
que eu decida entre o certo e o indeciso
eu persigo logo o medo
e me aflijo
nas rédeas de um equino
nas garras de um felino
é como roubar os filhos
pirulitos de um menino
eu suicido
aflito eu minto
qual o sabor do milho?
eu fico entre dores de ternura
e flores no orquidário
entre sono no recinto
e cores na pintura
eu digo no calendário
dentro de meu sonho
a última voz e vez de um canário
pia neste canto imaginário
onde o santo é morte do demônio
de um reles microscópio visionário
se sou beato profano o profeta
em busca do primeiro silício
rocha que acha a pedra
esmeralda ou ametista
aonde estão as primeiras descobertas?
na certa perto da colcha
da coxa ou da testa
que sofrem de câimbra
da lepra
que me matam veia
artéria
a já velha seda
rasgação de meta
que me prende na fenda
na fresta
não havendo mais festa
só um azarão que não presta

quarta-feira, 5 de abril de 2017

INÍCIO DE MIM

Fui ao subterrâneo das minhas intrigas procurar um pouco de verdades,tudo que achei foram nós na cabeça e conceitos que pareciam miragens,fiz dos sorrisos um início de vitória,um passo decorrente que nunca cessou ,procurei oásis no pensamento e um pouco de conforto pra calar a mente imatura.
Depois de horas a fio entre o desejo de buscar caminhos vangloriosos e a sede de pular de cercas intactas pelo destino,vi meus olhos mirarem belas pastagens, belos campos e sonhos floridos.
No desfiladeiro das cegonhas vi nascer o primeiro recém nascido,aquele que veio selar suas armaduras e enfrentar meio mundo,me joguei no precipício em busca de vaidades e inúmeras possibilidades passaram rente a mim como vento,eu era o frio a inebriar de razões até então esquecidas, qualquer rumo aparente,um soro incerto que talvez viesse a curar o corpo e também a alma, um espírito indolente premeditando o socorro e a ajuda necessária.Fugi da minha gaiola,agora eu era um pássaro solto,longe do ninho ,batendo suas próprias asas.No decorrer do dia e no percurso da madrugada,fiz de conta que era o rei,mas essa majestade queria usar seu trono como forma de poder,como abuso indecoroso e quem sabe ser mais do que podia numa noite abissal,eu fugi da maldade que queria se alastrar e procurei como simples gestos,uma única gota de bondade,esses pingos seguidos de chamas anunciavam a profecia de vias melhores,ruas que podiam indicar horizontes e planícies pouco perdidas no tempo.
O tempo era algo que parecia sem solução, o passado me assombrava ás vezes como querendo repetir outras vidas num único monte de incertezas fúteis, eu tentava novamente escorrer por esse ralo e sair num paraíso mais hospitaleiro e cheio de perfume.
O grande contraste entre trevas e anjos de uniformes brancos e harpas na mão dependia das escoriações que o céu jogava em seus colos,das nuvens que carregavam lágrimas e do sol a carregar luzes.O momento era de claridade,me afastar do que poderia chamar de pensamento nublado e insano,era o melhor a ser feito. Meu prognóstico de ilusões era só uma vista embaçada que aparecia no mapa sem dizer ao certo pra quem era o tesouro.Meu tesouro era esquecer tudo que aconteceu e começar uma vida nova,plena de carinhos e felicidade. Fui ao pântano encontrar glórias e me vi afundar numa areia que abria espaço a novas possibilidades,mergulhei fundo e o que encontrei foi o outro lado da moeda,uma natureza aberta para fortunas e muitos cristais que refletiam os sentimentos mais puros.
No poço pude aprender a sonhar e assim nunca mais cair,tive a vantagem de voar além do infinito que acariciava as limitações e sabia que limites não existiam, só a complexidade das razões e do espaço.Nos pés que caminham sempre habitarão passos maiores que as pernas,mas o que importa é estender as mãos para esses pés continuarem a caminhar.Tenho a livre impressão,de quando fico parado é por que tem algo maior falando pra isso acontecer e quando movimento é por que novas escolhas surgiram sem pestanejar.Tento fazer destas escolhas, o meu destino,um palco iluminado para vida e pra tudo que pode me tornar um ser mais abençoado.
A grande vantagem do mundo é não esquecermos quem somos,lembrar que fomos feitos nas prisões,mas que existe liberdade,que existem conquistas,que o céu não pode criar barreiras, que nem mesmo o chão pode servir de obstáculo,por mais que o cimento pareça erguer uma estátua inerte,sempre há a possibilidade que esse homem de pedras e areia mova um dedo em direção a tudo que possa criar,monumentos maiores que ele mesmo.Sei que choro quando há tristeza aflorando em meu peito,quando uma flor mucha em minhas estâncias anuais,em minhas insônias minerais,é hora de reconstruir castelos e concretos,de elevar a mente na intuição,que assim tudo recomeçará mais belo.
Saiba, troféu de intrigas e lamúrias que os bons pensamentos nunca cessam,que não há tempo pra desperdício,onde há vela acesa tem uma pluma pairando no ar lentamente, pronta a calcular sua matemática até que aterrize.
Vou fazer de conta que sou um poema e sua estrutura macia,rica em estrofes,vontade de virar um soneto não me falta,nem vontade de rimar.Há quem diga que haverão pesadelos durante as tempestades,mas eu acredito que nunca é tarde quando acendemos o fogo com vontade. O homem inventou a roda,também inventou o fogaréu das noites as quais ficava nas cavernas, então ele é capaz de tudo ,de subir montanhas e construir vilarejos,campanários e sentir que falhar é um processo natural de toda humanidade.Durante o começo dos séculos,antes mesmo de haver morada para lacaios e estranhos, muitos sabiam que a serpente dos maus comentários preparava seu bote,que a morte era o início de novas aventuras e que corrigir fracassos era abrir as portas para um novo retrato,onde se podiam avistar riquezas e também aqueles que eram pobres de espírito.
Felicidade é um alvo com teor de náuseas,com teoremas e pausas,com alegrias e surpresas,não existe só pólos negativos ou positivos no mundo.Durante a hospedagem dos cometas aqui na Terra,muitos seres foram extintos e outros inaugurados. Saiba que os comparsas do crime ou de qualquer ato insolente fazem por merecer recaídas ou sofrimentos,que nos corações mais entusiasmados há a esperança de crescer sempre e se tornar um sol nascente.
Cicatrizes e marcas de nascença não me faltam pra dizer, que sou os pontos a corrigir qualquer veia dilacerada. Quando não se sabe mais o que dizer a gente embroma,vai repetindo cenas,reprisando acontecimentos,fazendo das viagens insólitas,um aprendizado diário sem menosprezar os professores que passaram durante as fases de dúvidas e incompreensões.

terça-feira, 4 de abril de 2017

DESCONTROLE

Desmembrando troncos
destroçando membros
açoitando idéias
desfragmentando mancos
eu atolo barros
esbarro na lama
o caos é meu rompimento
descabelo temperos
que destemperam o drama
se defeco no feltro dos meus enredos
estou cagando e andando pra defeitos
os meus são subalternos
de todos os meus segredos
se afloro com flores meus traumas
é que a gangrena de minhas antenas
captou atrofiamento de causas
se fartura exposta
me causou sutura de rosas
é que me encontro na clausura
me alimentando de espinhos
deturpando carismas de aneurismas
e trazendo pra perto o peito incerto
das mais coléricas guerras bélicas
na paz azulejos enterram o chão
enfeitam a casa da solidão
desfigurando figuras em vão
não controlo meu apetite voraz
voracidade é na tenra idade dos mortais
descontrolando encontros marcados
não me marco com tremulas trenas
sorrateiramente estou a léguas de réguas
que medem a descompassada flecha do rancor
mas sempre me considero um alvo certeiro
estou obrando pra velas que me chamam
e fazem eu luzir em dias inoportunos
desmembrando lascas de iscas
eu fisgo meus tendões na noite insólita
pesco minhas aventuras mais remotas
pensando nas brisas efêmeras dos calcanhares
e me apoiando nas proles de minhas horas
que passam sem dar satisfação


MUDANÇA













Derradeiras crises existências
começam a me causar introspecções
introvertido não consigo me localizar
por isso dou um salto instantâneo
mudo de figura alegrando meu semblante
no cume das minhas vísceras
faço questão de alcançar o topo dos trevos
realçar a sorte que tanto me afortunou um dia
cordas se afrouxam no meu colo
entro com os ventres à flor da pele
renascendo das cinzas e sentido as rosas
deslizarem suavemente pelo meu braço
a cotovia canta enquanto as luzes do meu solo
regem a penumbra para que ela se torne lua
as portas do meu lustre individual abrem
fazem a felicidade dourar e durar
começo a dirigir sobre veículos que sorriem
e sabem a hora oportuna de estacionar
nenhum carro em transição me aprisionará
se um retirante do transito me para
eu grito e afasto esse tédio eminente
não quero as crises a me rondar no asfalto
pisar no acelerador da pressa e não pensar
isso me conduzirá ao fracasso
quero sentir o aroma viril das frases de impacto
sentir as crases me acentuarem de fato
me assentar nas bases e comprovar os atos
como prova eu tiro retratos
averíguo cada cacto sensato
para que eu não me comprometa com espinhos
e sinta sim o frescor concreto dos cravos
me deliciando como lebres da fertilidade
buscando a fortuna e a liberdade



















FOLHAS

Dois tipos de folhas me questionam
a folha do caderno que ergue palavras
e serve pra identificar sonhos
e a folha de um outono que seca
definha quando o dilema é a guerra
com mãos em punho escrevo poemas
deixo a imaginação e a real compostura
fluírem sem nenhuma flecha
a atingir com quedas múltiplas a dor
já a estação das rugas e do cansaço
viu o tempo passar
e hoje já não tem nem força pra falar
comprimida de ideais esquecidos
perdeu seus encantos mais fortes
e hoje canta com a agonia dos mortos
sem o calor dos trópicos
temos que iluminar nossos dias
resgatando a robustez da primeira folha
daquela que enxotou os conchavos alheios
e que pensou em suas próprias conquistas
temos que entoar cantigas de acordar
não ninar pensando na próxima estação
o outono já se preparou para o inverno
sente o ardor gélido remoer suas entranhas
temos que lapidar nossas façanhas
não cair no conto do vigário incrédulo
nem acreditar que somos adeptos
de um vilarejo seco de emoções
e gotas que não choram
os virtuosos derramam prantos de glória
não inundam os lares de alegria cativa
que cai sempre na mesma rotina
como gatos atrás de um novelo de lã
temos que ser valsa
e não falsos em nossas cantigas 

OBRAS SOBRE SOBRAS

Ossobuco ouço tua boca
não me contento com sobras de obras
que não se contemplam
com restos que não se mantém
nem mesmo astutos em seus princípios
é bem melhor se deixar levar pela grandeza
que pelos inválidos vícios
e se eles são miúdos em seus rebuliços
prefiro o desperdício
que roer os ossos feito um carnívoro
mas quem me conhece
reconhece o viril aplique de metas
que me sustenta
não é lavagem de poucos suínos
que me alimenta
não é a drenagem de suplicas audíveis
que me orienta
é a passagem pelos alívios de contas
que contam minhas qualidades e setas
e na mira de maravilhados planos
eu me maravilho com meus atalhos
não perco meus caminhos
diante de poucos talhos
não são réstias de alhos ignóbeis
que me farão arder no inverno
nem uma lasca de mesquinhez
pequena e sem importância
fará eu ter a inocência de uma criança
são fatos consumados e de alta precisão
que colherão os grãos numa boa safra
e não acolherão minha total ingratidão
falta originalidade nos pratos de consumo
mas eu reconheço a fome do mundo
só não ostento a miséria no escuro




SUSPENSÓRIO CUJA VESTE É SUSPENSE

Sobre os telhados minha cabeça pulsa
nenhum pouco avulso
sentidos e razão alvoroçados
nesse percurso de imagens
penso nas minhas viagens pragmáticas
com consciência didática
sou um auto de data
e ostento minhas bagagens emblemáticas
seja do feitio das minhas estiagens
ou nas estações ruborizadas do verão
não sinto frio nem freio
dispersarem meu pensamento em vão
sem o feudo das máquinas a me encobrir
não planto vantagens nem engrenagens
com o intuito de corroer as veias
de um tão famigerado coração
nem irei correr de encontro as teias
que irão me levar direto à evasão
contundido pela falta de foco
o ermitão alça planos de voo imaginários
eu carrego minha alça e viajo na estação
não é época portátil para distração
por enquanto busco passaportes solidários
e caminho nas nuvens da atenção
sem me perder do foco revolucionário
que irá atender minhas necessidades
mas se me sustento com suspensório
qualquer suspense fica mais embaixo
com as hélices do helicóptero
eu me aconselho e decolo















LIMPEZA

Reato com meu cadarço
e saio com minhas pegadas a passear
nunca me embolo em minhas cortinas
a vista está cansada mas avista
qualquer recanto de calma parada
saio a rua para estacionar os freios
clamar pela pista de meus anseios
sou devoto de corridas e pausas
que alfinetam meus tropeços
sou atleta em meus espessos espelhos
reflito a rota de chegada
que me leva até espíritos que não bocejam
acordam pra tudo que eu almejo
e não escondem de graça meus segredos
nas avenidas cansadas procuram
por bons espectros
e assim nas alamedas das escadas
eles sobem e nunca descem
não desalinham seus plasmas
nem embaraçam seus fantasmas
humildemente separam o joio da carcaça
férteis nas entrelinhas do sossego
limpam a alma do apego
e não se prendem a matéria do excêntrico
que se apega a farpa do apreço
arejo minhas travas afinadas
me encontro comigo mesmo
dando ritmo ao descompassado cisto
que incomoda minha cápsula arcaica
uma fissura em meu terno engomado
não pode mudar meu destino
mas deixar um tanto quanto bonito
os corações utópicos
que se vestem de incertezas
e não dão saltos caridosos
gracejo meus enfartes ilógicos
palpitando sobre batimentos
dos mais harmoniosos
e seres luminosos não desfalcam nos conselhos
seus impasses mais atenciosos












DÚVIDAS

Me ver sobre charcos amorosos
e não poder mais chover
nem sequer alugar o rosto
pra que luzes encharquem o céu
e se confundam com o brilho
de teu sorriso perfumado
ver alvorecer a chave do sol
e não se abrir para o calor
já não posso recitar as chamas de cor
nem bronzear na doçura do teu amor
porque nem sempre depois dos raios
vem a bonança incrustada no farol
e depois do bailado das replicas de corpo
perdi o rumo e não encontrei você
somente as cópias perdidas e à deriva
mas o abraço original destilava partidas
nunca mais pude chegar
de encontro a tuas caricias
eram avulsas as páginas do teu complemento
e eu me desmembrava sem saber aonde ir
nem conseguia buscar meus pensamentos
para encontrar teus artigos e estruturas
me perdia na leitura do meu próprio umbigo
o ego não me deixava atolar em outros mundos
era tudo um emaranhado de sufoco e rigidez
mas a palidez de meus olhos não deixavam vez
nem atribuía a teu encanto uma única nota
que condutora de marquises edificava quotas
eu multiplicava em você meus dias felizes
fazia de teus entes mais queridos
uma rota libertadora de meretrizes
não calava no breu antagônico de tuas causas
me via sem equilíbrio no labirinto
lábios rentes de quem não esquiva teu brilho
que só finca molas que impulsionam brisas
era como um sol multifacetado e colorido
dizendo na arquibancada dos lírios
que forneço flores quando brinco macio


LOUCURA

Loucuras em burras bulas
louvam os loucos e suas torturas
a remela das meras vitrines
não irá limpar as sandices
pelo contrario sujará as curas
que podem sarar o sarro das confusões
e assim alarmar a lama do caos
se afundar em areia movediça
não move trauma somente enguiça
e aprofunda todo remorso e culpa
que a cretinice ao esculpir mentiras
se atrapalhe de trapos
não de camisas de força
aqueles que são mais fracos
já atrofiaram demais seus cacos
e hoje não vivem inteiros
cíclica clinica de vivas almas
que perderam seu estado primordial
e hoje vivem de uma forma linear
azucrinando os pobres coitados
que perderam a língua
e não têm nem mesmo o que falar
se o silêncio é a porta de entrada
a maçaneta será o hospede do planeta
a abrir os sonhos daquele
que já fincou seu pé na sarjeta
fissuras em frisadas nuvens desajeitadas
uns dizem que os insanos não pensam
têm a cabeça ao relento pegando vento
não se aconselhando de idéias
mas da estéril idade que antecede a vida
ficam mergulhados no passado
de suas mais amarguradas feridas
é que o amor não mede pegadas
e muitas vezes se escurece nessa longa estrada
deixando o coração dos desprovidos de calma
trêmulos de uma ansiedade
que ao mesmo tempo é pura e ilógica
mas quem tem sala pra se coçar
nunca chegará ao quarto sem purificar
sua válvula de escape
e não escapará da ansiedade
que é o ranço de quem vive na obscuridade
















MINHA EVA E MEU ADÃO

Contundido por uma esfera de nervos
ex fera e seus males e crises
me vejo a florear sobre serpentes
a cair de boca na maçã do estrupício
uns afirmam com unhas e pentes
que a mulher do paraíso era vaidosa
mas lhe faltava fibra e era nervosa
servia de precariedade
exaurida de confusões e conchavos
por perder seu juízo
que de certa maneira afinava os guizos
e esbanjava seus pecados conturbados
já o moço das folhas de parreira
era um rapaz desprovido de bons conselhos
e usava suas palavras como forma de aguçar
as tristezas daquela dona debochada
sem luzes a corrigir as sombras
de suas crônicas satíricas
leviana no ápice da crueldade insana
a mulher se trancava na obscuridade
de suas façanhas medíocres e sem sentido
enquanto o homem açoitava gritos e gemidos
perambulando no mar do pânico apático
se fossem esterilizar seus olhos
veriam que o fel do olhar de Eva
se embrenhava na masculinidade
do corpo de nosso querido Adão
por mais que constrangimento chegasse
ao topo das discórdias entre eles
nunca se calariam devera
simplesmente uniriam ainda mais suas forças
a mercê de um complô vitalício
para fugirem das amarras do paraíso


segunda-feira, 3 de abril de 2017

ADEREÇOS E ENDEREÇOS

Adereços inéditos de endereços
eu encontrei a casa abandonada
fantasiada de zona de rebaixamento
decidi morar em outro posto
localidade melhor haveria de encontrar
mesmo que fosse um imóvel restrito
o melhor é se limitar
mas não de um modo também aflito
quero viver em um rico condomínio
mas não de riquezas materiais
e sim de tesouros alquímicos
produzir festas em garrafas de sentido
sentido horário pra não esquecer de mim
jamais mesmo em outro calendário
comprar um rito de passagem
onde me deite e mastigue verdades
no assoalho de minhas vantagens
vejo possibilidades em todos lugares
mas prefiro mares que vem pro bem
morar onde o balanço da onda
me faça revigorar as idéias
sem que eu me perca de meus atos concretos
nas cercas comedidas pela proteção
prefiro parar de impedir meus fluidos
de gotejarem na selva dos assíduos
assíduos de contato direto com o mundo
indivíduos com malicia nos planos
normalmente perdem os laços que os unem
à moradia de seus passos clínicos
caminhando eu me trato das inconveniências
busco soluções para meus tropeços
insones quando atos falhos
fazem o larapio não perceber a quebra
de seus mais altos contratos
e nas lepras de seus empecilhos
busca dividir sua alma
para quem quiser ouvir tolices
eu não sou adepto de mentiras inúteis
nem de lorotas camufladas de omissão
prefiro revelar meus abusos de honestidade
quando decidir casar com novos lares
e assim encontrar um lar doce mar
onde eu possa navegar eternamente

EPIDEMIA

Efêmeros me deixam contundido
errôneos me afligem os cotovelos
sinto uma grave dor
que não suaviza como novelos
pelo contrário escraviza meus erros
e assim me sinto capataz dos acertos
tentando corrigir o que me corrói
é de se espantar a gravidade dos obeliscos
que caem ligeiros sobre a minha cabeça
correm todos os riscos
e seguem trajetos helênicos
é uma odisseia cotidiana e cheia de visgos
que preenche minha cova
também desliza no precipício
é um arsênico com características de mosaico
engolimos fácil mas sempre tem seus enigmas
nem sempre os anestésicos cauterizam guindastes
e mesmo assim sinto o peso da consciência
me aturdir a qualquer instante
herdeiros do apocalipse invejam minhas virtudes
rogam pragas contra meus canivetes
que cortam as impurezas do mundo
e que só trazem felicidade
é de se estranhar que chovam turbantes
pra proteger os jovens de suas ilusões
mas redomas sempre cobrem os mais frágeis
e adolescentes são como gotas no ralo
nunca se sabe onde vagam seus pensamentos
servos me deixam em frangalhos
às vezes me remeto a completa vastidão de meus atos
escrevo cartas de euforia e alforria
para amenizar a brutalidade dos capitães do mato
exímios coléricos me passam boas epidemias
epidemias que fazem tolos acordarem para as alegrias
e destacam ainda mais as profecias dos sábios
me sinto um sacerdote coberto de dotes emblemáticos
que esparrama palavras de grande magnitude
em largas etapas reata significados lógicos
e embute em seu colóquio frases de impacto
indecentes geram ódios galanteadores











EM TRÂNSITO

Construções em vagas de estacionamento
paro e reflito sobre a fabricação de estradas
se continuo seguindo em frente
ou crio uma avenida de parada obrigatória
medito e penso no constrangimento das ruas
se elas são inertes
e forçadas a suportar vias de acesso
a deixarem-se guiar por carros ou ônibus lotado
isso pra ver que as idéias do cérebro se movem
nunca paro para pensar nem com arrependimento
se é vão qualquer túnel ou acostamento
mas reflito que chegarei ao final da luz
encostarei meus cabelos na pele lisa do tempo
para iluminar a seda sem a greve dos caminhos
pegarei um trânsito tranqüilo e não atolado
pra não me atropelar na lama do caos
e se são leves as locomoções
que eu me locomova diariamente
quero ver semáforo farejar o sêmen das minhas pistas
que não para de se multiplicar
e faz eu acordar para vida
me entretenho com confusões precárias
não com abusos cinematográficos do dia-a-dia
prefiro a serenidade dos corpos em câmera lenta
mas também a rapidez dos sonhos
que eles se realizem como fetos a virar embriões
e deixem que depois de nascidas as realizações
caminhem amenas e com totalidade de calma
para que não haja resquício de duvidas sobre certezas
eu quero correr macio e ver proliferar as crianças
pois elas tornam o mundo sensível e otimista
e não conturbado como as crises de segurança
que criam os cintos da desconfiança






PROFANADORES

Profanadores de adultério
e nem todos são adultos levados a sério
adulam com sedução suas amantes
blasfemam contra a ordem dos honestos
governador de privilégios
engana a todos com seus mistérios
esconde por debaixo dos panos
seus mais incríveis sacrilégios
são lacaios que surrupiam objetos
que já serviram de instrumentos aos mais éticos
e que se vestem com os farrapos do caráter
quem não tem escrúpulo se perde no poço
mais fundo da cobiça e de outros pecados
sejam capitais ou interioranos
o que vale são os mirabolantes planos
colecionadores de cemitérios
enterram seus próprios corpos
em condições miseráveis de viuvez
não encontram viva alma
para mudar seus destinos e horóscopos
se perdem nos cornos da sarjeta
e são traídos pelos mais próximos
encantadores de cobras e sua tez
rastejam em busca do canto perfeito
são perfeccionistas ao extremo
dotados de guizos entreabertos
para acordar suas serpentes
encanadores de tubos de oxigênio
se perdem o equilíbrio matam uma por vez
mas se entram pelo cano da rigidez
ganham mais fregueses
aglutinadores de diários
escrevem palavras certas
e defendem suas metas
com unhas e dentes
eles nunca se calam de verdade


TOQUES

Toques retilíneos de uma falange
onde escorrem os dedos
correm anseios monótonos
e falsários elegem seus adversários
nos aniversários dos delinquentes
inimigos apontam viagens seletas
escolhem seus amigos por ordem sistemática
se o sistema permite que haja ajuda
lá estão eles solidários aos solitários
encostar os metacarpos nos hábitos matinais
fazer cafunés na cabeça da manhã
me parece um cinismo atroz mas atrasado
é de se espantar que esbarrar o indicador
onde alguns apontaram seus erros
me surge como uma desconfiança orbital
mas tento sair de meu eixo e aceitar problemas
que nem todos se acharam e se perderam
há um indicio de que os rivais
colaboram com seus adeptos da marginalidade
mas eu creio na permanência da amizade
portanto é hora de rebuscar sorrisos
estampados acima do queixo
por isso que também não me queixo
e aceito falsidade mascarada em veracidade
os verdadeiros conselhos estão em suas máscaras
em suas cápsulas de lealdade
é momento crucial de descascar as cascas
e encontrar o que fica por dentro
toques retilíneos de uma falange
quando esbarro nos meus planos de canaviais
adoço melhor a ferida e me sinto
como borboletas coloridas
mergulhando em suas rosas da sedução
não tem porque me encharcar de espinhos
e chorar na flora da redenção
só tenho que me render aos polegares ativos
fazer figa a joia rara da tentação
tentar achar caminhos que não me desgrudem do barro
onde fui forjado e criado a semelhança do Senhor
nem me contentar com a escassez do braço
abraçar meus conterrâneos
ser um alvo de gracejos instantâneos
e amar quem me amava tanto






INGRESSOS PARA VIAGENS

Ingressos pra vender o rascunho
depois aprimorar seus dotes
se tornar uma cópia perfeita
comprando de volta os dons que sobem
e nunca descer a ladeira do esquecimento
aflorar em gotículas de nuvens
a chuva e seus suplementos
uma boa matéria prima de atrevimento
atenuar as conquistas do carisma
para nunca se entreter com a solidão
com a solidão das rádios destoantes
não se entristecer com os simpáticos
sabendo que nunca terão a redoma
que protege a vergonha dos esnobes
camuflam os retratos da insensatez
e criam imagens desprovidas de catedrais
o espetáculo das capelas em cavernas
não há de criar fanatismo interior
nem polarizar hemisférios avulsos
nas reminiscências do translado
hei de viajar em capítulos e camadas
sem desfolhar meus âmbitos de prazer
sem acovardar minha serenidade aguda
farei da saída dos meus medos
a porta de entrada para a coragem
se na cruz dos meus anseios pregar um século
hei de acordar uma década mais nobre
overdose para engessar os potes
não me causa efeitos alucinógenos
nem me deixa firme no chão da discórdia
concordo com minha capacidade de redenção
render aos encantos da minha adoração
gostar das emoções mais aplaudidas
e nunca vaiar meu coração










FALSOS OU VERDADEIROS

Vou acionar um jato de relíquia
que me leve em altos vôos até a estrada
mais nua que não tenha ninguém perto
vou me afastar da muvuca de seus créditos
me embrenhar em meio aos débitos
prefiro ficar sozinho nessa selva de sidras
e não alcançar a acidez que corroí
e correr tentando encontrar meus pés
vou colidir com meu único transeunte
meus pensamentos vagos e sem clareza
não quero ter que esbarrar nos pedestres
que atropelam meus sonhos de aluguel
quero alugar a fita sem filme
das lembranças miúdas da minha vida
comprar os álbuns que retratam
as dores de minhas feridas
vou vender minha caretice suburbana a prazo
a fim de nunca perder de vista o que vem à vista
porque é nessa de presentear favores
que um dia ainda fico cego
quero regalar meu único trajeto
de envolver pernas bambas na corda bamba
e nunca mais me equilibrar de fato
é cambraia de carne
que envolve de leveza minhas cartilagens
mas quero sentir na alma o teor da dureza
e nunca mais sentir o vento tocar o chão























domingo, 2 de abril de 2017

O QUE RESTAM DAS FESTAS

Pra festejos e conversas que mudam de assunto
assentei garrafas em trevos de quatro rolhas
e assim fervilhei bons fluidos
que se abriram quando a pressão do champanhe
não castrou canudos numa noite de refrigerantes
bebidas etílicas romperam o calor da madrugada
eu em meus invólucros da fortuna
preferi ficar no copo d`água
a humildade em que se encontrava a umidade
fez meus olhos escorrerem de felicidade
era explicita a noção de bem estar que fluía
num revoar de estrelas
luzes incendiavam o céu
e eu cristalino e absoluto radiava chá de mirtilo
é claro que estavam claras as realidades
mas o mundo mágico da fantasia me rondava
era tudo uma questão de ponto de vista
a ser atribuído aos reis da boa conquista
eu iria atribulado de euforia me condensar
em pequenos goles de nostalgia
lembrava dos eternos bons momentos
e me via em mais uma festa de charcos energéticos
derramando alegrias sem cessar
pra gracejos e bate-papos que sondam paixões
eu até era galante reprodutor de vulcões
entrava em erupção constantemente
e me brindava nas taças do sorriso infinito
fazendo o que é mais assíduo e bonito
uma festa para a comédia da vida humana
sem tragédia e sem drama
que copilasse em horas insones
ouvindo o melhor vinil descompassado da minha infância






ARDILOSO

Deixei a forma esférica do meu retorcer
emitir estalos ao redor dos grunhidos
que edificantes restauram sussurros
que lamuriantes dão voltas ao mundo
quantas ondas sonoras já passaram
em módulos de resquícios perturbadores?
quantos cataclismas já anunciaram abusos?
e quantas areias movediças
sugaram um único filho das tempestades?
é gravidade abaixo de zero
a gelada em que se meteram os otários
é friagem em clima de meros noventa graus
negativos e sem altruístas desfalques
coloquei em órbita o filme das antenas
e não sintonizei mais lucros prestativos
só pensei na puberdade dos preservativos
e me informei sobre um sexo passivo e ordinário
a castidade singular dava lugar
a uma seta circular e ardilosa
deixei de registrar arquétipos vulgares
de um bem estar viril e contaminado
passei a meditar em sentido anti- horário
o barato da vida é ficar tonto
enraivecido de tantos vômitos
e ouvir noticias secundárias de um pasquim
saber que chegou o fim
é o atraso da sorte e não da morte
defecar no azedume que é a gula
é deglutir o que é ruim
e tornar-se vizinho dos pecados

ANÁLISE CLÍNICA

Cíclico mecanismo de entorpecer cristais
pra que a energia de alguém se perca
em uma tumba de mortos
e nunca mais se aventure
essas são palavras mórbidas
daquele que se esqueceu de viver
que avistou o lado sombrio de suas fábulas
e nunca contou estórias felizes
nos dias atuais lê bulas de tédio
se perde em meio aos tratados de esgrimas
e luta com suas fugas intermináveis
deixando de correr perigo
é preciso açoitar o alivio
da maneira mais singela que se pode
nos calcanhares derrubados pelas avalanches
o ódio mortal de destruir sua estrutura
condenou o rapaz a coletar peças do acaso
e descobriu que não há ferramentas
que troquem o destino por aceitação
têm engrenagens que corroem o coração
e parafusos que deixam o ceticismo
mais afinado que um instrumento musical
devemos derrubar nosso equilíbrio torto
nos endireitar feito torres modernas
buscar novos apetrechos que nos tragam
muita e sustentável confiança
quem se machuca com seus dotes mentais
está entre a vida e a morte de seus armários
engaveta sentimentos bons
e não se liberta nunca mais

REDOMAS OU AROMAS

Nas redomas incrustadas em diamantes
percebi varandas ao redor das mentes
é o desejo de buscar joia rara
deixar a riqueza dos gracejos não parar
buscar um afago subterrâneo
nas alcovas interiores
sem grandes centros urbanos
sem reação em cadeia a prender de vista o cotidiano
é cerrar-se num intransitivo espasmo
não deixar o menino profanar o fiasco
mesmo que isso lhe traga prestigio
e encobrir de bons tratos as vendas dos olhos
pra que os gastos não fiquem em frangalhos
é deixar secar os chuviscos das pontas
encontrar forças laterais para os pedais
e trazer a tona água em seus canaviais
é adoçar as doses enfadonhas
de todo açude que te leva pra trás
é encontrar na pequenez dos bálsamos
relíquias que te conduzam em passos largos
é rejuvenescer as rugas do cansaço
encontrar a formula mágica da juventude
sem se perder nas antecipações do tempo
encontrar um vilarejo onde possa dormir
e hibernar amiúde minhas mágoas
sufocar em trepidas culpas cristalinas
todo suplicio entrevado
























sexta-feira, 31 de março de 2017

MIGALHAS TOPOGRÁFICAS

Desviando de condutas irreparáveis
me vi sentado na rocha a pestanejar
não tirava conclusões precipitadas
nem via moçoilas a me interrogar
era notório o caso de perseguição
muitos destilavam seus venenos
até mesmo salivas da presunção
era pegajoso o choro que me escandalizava
e fazia cacos de vidro
serem mera caricia no olhar
eu estava deprimido e perdido
nesse bosque de ilusões
estava submerso em sangue e farpa
a ordem cronológica dos meus delírios
se perdeu em horas insanas
mas era hora de reativar as pálpebras
recordar que a bondade era um deleite
a amamentar frutos da alegria reprodutora
a fertilizar todo solo que engrandece
quem não esfarela as mazelas e seus desastres
se ergue com a força dos guindastes
e nunca se deixa abater á toa
num lapso entre agonia e canoa
não deixei prantos caírem no riacho
nem mesmo a orgia de meus cactos
fincarem espinhos em minha vida avassaladora
me absorvendo de hóstias condutoras
de sentimentos passionais e atípicos
fui consagrado herói das ramagens
vi a água das minhas colheitas
drenarem um horizonte perdido
transformar planícies costeiras
em amados eixos frontais
me esquivando de súplicas grosseiras
deixei de calar asneiras
e passei a procurar certezas
que todas as lastimas são passageiras
o que dura é a longevidade dos ininterruptos

SAQUEANDO OFÍCIO

Esganiçado em doses reumáticas
se alivia em terreno bandido
procurando ladrar a fome
saciando as feras do covil
da tapera onde habita
intacto ressalva seu cansaço
mas permanece inteiramente acordado
mora num ambiente nocivo às celas
onde presos já pagaram seus castigos
e ilesos da desonra pagaram fianças
as cifras do pecado perdem valor
quando sintonia entre estagnados e trabalhador
constrói um habitat afastado de transformação
atrofiado em remorsos poucos puritanos
sai numa briga cotidiana contra seus empregados
é de se espantar o mesmo cilício
que já contaminou os intrínsecos mais amados
os olhos úmidos do rancor
gotejaram lágrimas de torpor
deixando a saliva das naus náuseas
atracar na maresia do desalinhado amor
o ladrão busca reencontrar suas vitimas
sem se deixar levar pela fragilidade dos inocentes
e sim pela brutalidade das penas mais abruptas
nos virtuais encontros lastimáveis da dor
é real o arrependimento do saqueador de traquitanas
que só roubou o que sobrou de suas entranhas
e que agora leva a encobrir despudoradamente
a vergonha estampada em seu rosto
é um facínora lisérgico que já fantasiou mentiras
e que hoje se esconde nas verdades
a vantagem de ser um déspota
certas feitas nos causam fascínio e avareza
mas outras nos tornam adeptos do sarcasmo leigo
temos que nos tornar algozes sábios e prendados
e roubar só o que nos trás sossego













FUGA ATRAVÉS DE OBJETOS

Fugi dos escombros engolidos pelo fracasso
das pedras que serviram de torre às pragas
não haverá queda sobre pedra
a me derrubar com seus desastres naturais
escalarei os edifícios com altas protuberâncias
e as luas com maiores cavidades
as crateras lunares irão ceder seus lugares
às catracas bitoladas e ao ferro velho da novidade
é excitante meu esquema tátil
de sustentar as hastes que me equilibram
de encontrar mocidade nas velhas engrenagens
e de cobrir antigas feridas com novas bandagens
é miragem que dissipa meus olhos atentos
enquanto procuro oásis e seus segredos
mas não me deixo enganar por muito tempo
tenho as rédeas do meu instinto
a mercê das brisas coloridas e do vento
mas as brasas reprimidas não queimarão meus pés
para que eu fuja das labaredas deprimidas
sou cofre forte das minhas idas e vindas
não me abalarei facilmente
não escapo de tremores que me aterrorizam
e nem de abalos sísmicos que cismam comigo
só tenho barracos atrevidos
quando não tenho riqueza em meus cílios
que abrem e fecham pra encontrar em meus versos
encantamento de estrofes e capítulos
sou um poeta que vive de resquícios





















RUAS DAS FLORES

Trafego em zonas restritas
meu âmago atropela enfadonhos
que se cansam de atravessar estradas
dobro esquina como quem amassa papel
e não se importa com as vias
simplesmente se enxota
quando dá sinal de repudio
evitando qualquer atmosfera
da mais bela e condizente
ao mais lindo continente
se me expulsam dos trópicos
tento criar expectativas
que não atrofiam termômetros
que deixam o suor escorrer com facilidade
e que permitam a sensibilidade suavizar o inimigo
como arranjos de pétalas no limbo
sem me importar com a direção
se os lírios desabrocharam na estação
ou se petúnias calaram odores perturbadores
nas lacunas de meus ouvidos
tento escutar o perfume dos lábios
a voz doce de uma rápida amnésia
com o instinto de esquecer os temores
e lembrar das mais trepidas emoções
dirijo meus pensamentos em alvuras coletivas
repudiando blasfêmias e tolices
coletando cálices de barítonos
pra que um dia eles cantem suavemente
façam remoer amores em meus tímpanos
e assim eu ouça os meus gritos
acolhedores nas súplicas dos calouros
que levarão carvões a grandeza dos diamantes
para que mais tarde possam extrair de suas lições
aprendizes de professores

SENSAÇÕES

Tento entreabrir as vocações
de cada segundo da imaginação
junto com ela busco abrir o credo
e acreditar na força da mente
busco ser a planta e a semente
que findarão no orvalho da manhã
faço saliva brotar da boca
para que a fantasia de viver
eu possa mais uma vez degustar
e sentir a seiva do mel
a cada momento me inundar
busco minhas invocações
meditar tranquilamente
será minha sina daqui pra frente
quero ser conhecido como ente
que envolve seus próprios atos
em prol da alegria constante
de combater percalços
sou um vitorioso presente
a cobrir os caminhos por onde traço
traço o elmo e o elo
que me encorajam a ser protetor
e não presa dos meus alarmes falsos

NO PARAÍSO PODE SER ISSO

Unindo a haste perfeita
me sinto famigerado ao extremo
como se estivesse no paraíso
fugindo de meus problemas
tento curtir melhores acalantos
e nunca me perder dos guizos
pois eles me fazem recordar
que cada serpente é um antro
de perdição a ser esquecido
nos semblantes mais larvais
encontro a origem dos meus nervos
explícitos e navais
eles empurram as embarcações
e deixam as ancoras para trás
nos barcos há uma proa que separa
toda discórdia que se arrasta
deixa os marujos indefiníveis
acompanhados de restos
que querem ser reconhecidos
e não cria máquinas
que se alojam nas arestas do desperdício
mesmo nos momentos de calibrar compromisso
eu respiro com tamanho alivio
nenhuma praga pode açoitar pelos
que se soltam dos signos animalescos
pois eles têm a garra de decifrar o futuro
não são como fantasias de carrascos
a ignorar a fórmula e o soro
podendo curar o mal
toda presa culpa o predador por sua fraqueza
mas não é de se espantar que no mundo
ainda existam troféus de beleza
no paraíso volto a dizer
me sinto como quem foge dos resíduos
que tornam perecíveis as virtudes
sou um rapaz assíduo
mas nunca cavo o fundo do poço
com os mesmos tratores
nem mesmo escravizo personagens e atores
que sejam eles reais
fictícios
ou semelhança entre meus humores
prefiro rir ao gozar de meus atrevidos horrores




SEM JULGAMENTO

Não julgue um livro pela capa um rio pela carpa  um herói pela capa  esteja sempre em casa ou  em Capri pessoa imaculada  o eco de mil sarna...