quinta-feira, 30 de novembro de 2017

CEDO O MEDO

Medo é ter medo
cedo é acordar tarde demais
vidro é quebrar a vida
o corte da vida
cidra é adoçar o esmalte do dedo
ter as mãos afiadas diante do cego
cego é não desapontar a sombra dos males
emprego é trabalhar pela paz em outros lugares
aqui e no sossego decorar os papeis dos atores
prego nas páginas dos escritores
motores a álcool aquecendo combustíveis
fogo lacrimejando nos crocodilos menores
lágrimas falsas de seus falsos senhores
córrego d`água por onde drena o náufrago e o apego
apego pelas coisas materiais
e pela benção dos meios sociais
figo é fruta do pecado
sociedade é vestígio do pecado
visgo é culpa do terno engomado
voltemos á estaca zero dos gomos da fruta
fico por dentro de qualquer mudança de atitude
sinto-me o réu confesso de um atraso imediato
mergulho sem boia
fumo sem charuto
jogo lego sem esquentar a cabeça
encaixo as peças de um quebra-cabeça
defunto é o viúvo morto da própria insônia
e o fluxo de um vivo é a chama acesa de anteontem
tudo é luto quando abuso e concluo que está escuro
escuro é um pouco mais que meio muro
mundo é o mudo que não deu certo diante do susto
puto estou hoje
quando estou pronto acabo com o poema do medo
ao ponto de trazer a coragem pra bem perto
defeito é trazer a qualidade pra longe do peito
eu sei faço tudo desse jeito remoto
controlando o leito

Nenhum comentário:

Postar um comentário

SEM JULGAMENTO

Não julgue um livro pela capa um rio pela carpa  um herói pela capa  esteja sempre em casa ou  em Capri pessoa imaculada  o eco de mil sarna...