que me leve em altos vôos até a estrada
mais nua que não tenha ninguém perto
vou me afastar da muvuca de seus créditos
me embrenhar em meio aos débitos
prefiro ficar sozinho nessa selva de sidras
e não alcançar a acidez que corroí
e correr tentando encontrar meus pés
vou colidir com meu único transeunte
meus pensamentos vagos e sem clareza
não quero ter que esbarrar nos pedestres
que atropelam meus sonhos de aluguel
quero alugar a fita sem filme
das lembranças miúdas da minha vida
comprar os álbuns que retratam
as dores de minhas feridas
vou vender minha caretice suburbana a prazo
a fim de nunca perder de vista o que vem à vista
porque é nessa de presentear favores
que um dia ainda fico cego
quero regalar meu único trajeto
de envolver pernas bambas na corda bamba
e nunca mais me equilibrar de fato
é cambraia de carne
que envolve de leveza minhas cartilagens
mas quero sentir na alma o teor da dureza
e nunca mais sentir o vento tocar o chão
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