terça-feira, 4 de abril de 2017

FOLHAS

Dois tipos de folhas me questionam
a folha do caderno que ergue palavras
e serve pra identificar sonhos
e a folha de um outono que seca
definha quando o dilema é a guerra
com mãos em punho escrevo poemas
deixo a imaginação e a real compostura
fluírem sem nenhuma flecha
a atingir com quedas múltiplas a dor
já a estação das rugas e do cansaço
viu o tempo passar
e hoje já não tem nem força pra falar
comprimida de ideais esquecidos
perdeu seus encantos mais fortes
e hoje canta com a agonia dos mortos
sem o calor dos trópicos
temos que iluminar nossos dias
resgatando a robustez da primeira folha
daquela que enxotou os conchavos alheios
e que pensou em suas próprias conquistas
temos que entoar cantigas de acordar
não ninar pensando na próxima estação
o outono já se preparou para o inverno
sente o ardor gélido remoer suas entranhas
temos que lapidar nossas façanhas
não cair no conto do vigário incrédulo
nem acreditar que somos adeptos
de um vilarejo seco de emoções
e gotas que não choram
os virtuosos derramam prantos de glória
não inundam os lares de alegria cativa
que cai sempre na mesma rotina
como gatos atrás de um novelo de lã
temos que ser valsa
e não falsos em nossas cantigas 

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