quinta-feira, 13 de abril de 2017

VIAGENS

Enraizado em raízes de risadas
o humor não é tumor do amor
não rouba o lóbulo do ladrão lógico
nem ouve as avessas as aves pelas pernas
o chão é mais barulhento e voa mais alto
não ladra o silêncio que também o absorve
a semente é culta
e de uma casta que se alastra
é vasto o grão do astro
na via láctea há quem diga que gramas não são gralhas
mas crescem e plainam em pianos que não dão errado
nos céus estrelados é só tocar a música certa das nuvens
que elas mudam de figura e escutam as escotilhas
que se abrem nos arbustos
nas moitas armadilhas não se escoltam
as mãos lançam seus soldados
e assim caminha a humanidade
dos vastos campos guturais
em vozes tropicais
vão e voltam durante a pilotagem de seus pilotos
no óbito na vida ou numa curta viagem
da Galícia até a Galáxia numa órbita sem abortos
iluminando as plantas e seus planos de alta voltagem

CRESCIMENTO

Avanço no peito de aço
me jogo de frente ao nervo ótico
acendo uma vela de modo frenético
com meus poderes mais que óbvios
nada passa por meu corpo astral
tudo parece mais que normal
mas faço tremer o solo
com a mesma rapidez que me entrego a você
é um jogo de múltiplas façanhas
que me faz acordar e não adormecer
não canso minhas pernas
porque delas necessito para me firmar no chão
e para correr atrás de você,coração
as sementes do meu alvo predileto já foram de pedras
hoje fazem crescer tantas ervas
quanto as cores que carrego nos olhos
tranço um fio de fendas que cobriu minhas mãos
como luvas a me proteger de um amor sereno
mas quero ficar livre para gostar de quem
me acompanha no timbre dos sonhos
no time dos estranhos
que venho a conhecer com incrível sabor
as pessoas que conheço hoje
elas serão fatores que me levarão
a descansar os medos
e a colher segredos mais que profundos

terça-feira, 11 de abril de 2017

UM BOM

Um bom samaritano diria
não se esquive de fulano
quando tal age como humano
e não como abissal fera brutal
as vezes ele quer ajudá-lo feito santo
diante as virtudes e qualidades
que esse homem tem
e não arrecadar fundos pros defeitos
pois esse é o melhor jeito
de seguir ondas de caminhos estreitos
um bom sujeito se dá ao prazer
de ajudá-lo e não destruí-lo em poucos
severos segundos de irritação
atende as rondas do coração
e caminha suavemente pela imperfeição
sabe que todos temos cicatrizes
e é isso que nos faz únicos
cometer erros e mesmo assim
sermos felizes para sempre
um bom samaritano sara com seu manto
quem precisa de proteção

DESCARREGAMENTO DE CAUSAS

Quero esvaziar o pote
antes do poente suar
e começar a escoar
água dos meus olhos lacrimais
não deixo minhas emoções para trás
secarem como gotas matinais
dentro desse mesmo forte
não há espaço para trote
marginais
e se vocês insistem
em perseguir a morte
saibam que a vida é demais
mesmo seca ou com água ela é demais
mesmo fresca ou quando enxarca ela é demais
lágrimas são para serem calmas
mágoas são para serem traumas
léguas são para serem saunas
tréguas são para serem pausas
éguas são para serem raças
e réguas medidas das castas
vamos saciar a sede com as balsas
amarradas nas cordas
torcer pra que chova logo
e eu me sinta um lago molhado
e como as balas de revólver
não derramar vinho
em teus álbuns de retrato

SOPRO DE CONSOANTES

Fugi do colosso
do colapso
do colérico
atingi o clímax
o tempo
o clima
ouvi a Calipso
eucalipto
eu canto chupando pirulito
era um mito
um Minotauro
um astronauta e seu vínculo empregatício
eu não minto
só omito o íntimo fatídico
era um raquítico
um peso morto
teso na viés do contorno
cesto que comporta o futuro
um dinossauro meio surdo
tesouro sem valor absoluto
besouro que não ouvia na juventude
osso duro de roer com a idade
bezerro desmamado
um faraó embalsamado
um salafrário oculto
nem presente no dicionário
tudo e mais um pouco neste mundo adorado

AGUARDENTE

Aguardente não é o que você exprime nos dentes
e que vai espremer na mente
como um líquido contagiante
a guardar num sorriso contente e ás vezes cortante
é um crachá de cachaça
que você quieto ás vezes bagunça feito adolescente
ou apresenta para o vigia ali da frente
pode levar na piada ou como faca afiada
numa conversa interessante ou de forma alterada
pinga e resvala no teu índice de audiência
faz você perder a consciência de maneira rala
ou nas profundezas
distrai tua beleza ou com certeza faz
quem bebe enxergar o mundo de um jeito maneiro
ou prepotente
serve como ouro pra garimpeiro
ou sangue pra psicopata
muda teu modo de encarar o semelhante
ou camufla tua própria carta
fazendo você assistir de camarote
tua morte ou tua descoberta
mas não renuncia de uma vez ao que pode te deixar contente
é como hidratante para tuas rugas de expressão
pode te realçar ou cambiar teu coração

sábado, 8 de abril de 2017

VAMOS

Vamos escancarar de vez o resto do talvez
apoiar o sim o não
uma única vez
para alegrar o mundo
a robustez
que abre a terra
o chão
o prazer de vocês
vamos com altivez
na base da altura
trazer a belezura dos porquês
vamos com acidez
adoçar o mês
que antecede cada ano que fez
por merecer dias
meses
segundos
e vez
vamos de forma corriques
fazer o manejo dos trens
cada vagão
coração
palpitar com avidez
era uma vez
um pequeno gigante
menino das três
que abocanhou plantações
de repolho
couve chinês
vindas de um camponês
dê boas vindas aos pobres
aos nobres e ao marquês
vamos sair das tvs
ir aos campos de trigo
figo
fazer por merecer cada revés
cada vintém
a sorte de um freguês
que compra o que vem oferecer
cada agricultor japonês
pela mão
que colheu o mamão
vamos esquecer a escassez
lembrar da boa colheita
da feira de todo dia
com alegria
fartura
fortuna
celebrar esse dia com doçura

quinta-feira, 6 de abril de 2017

TÉDIO EXTRA

Tédio extra
cedo eu misto
mistura de prédio e precipício
abismo
eu cismo
fecho meus cílios
abro os olhos
nessa terra de símios
moto- serra que eu sigo
vivo
morto eu corto
as ervas do paraíso
para isso é preciso
que eu decida entre o certo e o indeciso
eu persigo logo o medo
e me aflijo
nas rédeas de um equino
nas garras de um felino
é como roubar os filhos
pirulitos de um menino
eu suicido
aflito eu minto
qual o sabor do milho?
eu fico entre dores de ternura
e flores no orquidário
entre sono no recinto
e cores na pintura
eu digo no calendário
dentro de meu sonho
a última voz e vez de um canário
pia neste canto imaginário
onde o santo é morte do demônio
de um reles microscópio visionário
se sou beato profano o profeta
em busca do primeiro silício
rocha que acha a pedra
esmeralda ou ametista
aonde estão as primeiras descobertas?
na certa perto da colcha
da coxa ou da testa
que sofrem de câimbra
da lepra
que me matam veia
artéria
a já velha seda
rasgação de meta
que me prende na fenda
na fresta
não havendo mais festa
só um azarão que não presta

quarta-feira, 5 de abril de 2017

INÍCIO DE MIM

Fui ao subterrâneo das minhas intrigas procurar um pouco de verdades,tudo que achei foram nós na cabeça e conceitos que pareciam miragens,fiz dos sorrisos um início de vitória,um passo decorrente que nunca cessou ,procurei oásis no pensamento e um pouco de conforto pra calar a mente imatura.
Depois de horas a fio entre o desejo de buscar caminhos vangloriosos e a sede de pular de cercas intactas pelo destino,vi meus olhos mirarem belas pastagens, belos campos e sonhos floridos.
No desfiladeiro das cegonhas vi nascer o primeiro recém nascido,aquele que veio selar suas armaduras e enfrentar meio mundo,me joguei no precipício em busca de vaidades e inúmeras possibilidades passaram rente a mim como vento,eu era o frio a inebriar de razões até então esquecidas, qualquer rumo aparente,um soro incerto que talvez viesse a curar o corpo e também a alma, um espírito indolente premeditando o socorro e a ajuda necessária.Fugi da minha gaiola,agora eu era um pássaro solto,longe do ninho ,batendo suas próprias asas.No decorrer do dia e no percurso da madrugada,fiz de conta que era o rei,mas essa majestade queria usar seu trono como forma de poder,como abuso indecoroso e quem sabe ser mais do que podia numa noite abissal,eu fugi da maldade que queria se alastrar e procurei como simples gestos,uma única gota de bondade,esses pingos seguidos de chamas anunciavam a profecia de vias melhores,ruas que podiam indicar horizontes e planícies pouco perdidas no tempo.
O tempo era algo que parecia sem solução, o passado me assombrava ás vezes como querendo repetir outras vidas num único monte de incertezas fúteis, eu tentava novamente escorrer por esse ralo e sair num paraíso mais hospitaleiro e cheio de perfume.
O grande contraste entre trevas e anjos de uniformes brancos e harpas na mão dependia das escoriações que o céu jogava em seus colos,das nuvens que carregavam lágrimas e do sol a carregar luzes.O momento era de claridade,me afastar do que poderia chamar de pensamento nublado e insano,era o melhor a ser feito. Meu prognóstico de ilusões era só uma vista embaçada que aparecia no mapa sem dizer ao certo pra quem era o tesouro.Meu tesouro era esquecer tudo que aconteceu e começar uma vida nova,plena de carinhos e felicidade. Fui ao pântano encontrar glórias e me vi afundar numa areia que abria espaço a novas possibilidades,mergulhei fundo e o que encontrei foi o outro lado da moeda,uma natureza aberta para fortunas e muitos cristais que refletiam os sentimentos mais puros.
No poço pude aprender a sonhar e assim nunca mais cair,tive a vantagem de voar além do infinito que acariciava as limitações e sabia que limites não existiam, só a complexidade das razões e do espaço.Nos pés que caminham sempre habitarão passos maiores que as pernas,mas o que importa é estender as mãos para esses pés continuarem a caminhar.Tenho a livre impressão,de quando fico parado é por que tem algo maior falando pra isso acontecer e quando movimento é por que novas escolhas surgiram sem pestanejar.Tento fazer destas escolhas, o meu destino,um palco iluminado para vida e pra tudo que pode me tornar um ser mais abençoado.
A grande vantagem do mundo é não esquecermos quem somos,lembrar que fomos feitos nas prisões,mas que existe liberdade,que existem conquistas,que o céu não pode criar barreiras, que nem mesmo o chão pode servir de obstáculo,por mais que o cimento pareça erguer uma estátua inerte,sempre há a possibilidade que esse homem de pedras e areia mova um dedo em direção a tudo que possa criar,monumentos maiores que ele mesmo.Sei que choro quando há tristeza aflorando em meu peito,quando uma flor mucha em minhas estâncias anuais,em minhas insônias minerais,é hora de reconstruir castelos e concretos,de elevar a mente na intuição,que assim tudo recomeçará mais belo.
Saiba, troféu de intrigas e lamúrias que os bons pensamentos nunca cessam,que não há tempo pra desperdício,onde há vela acesa tem uma pluma pairando no ar lentamente, pronta a calcular sua matemática até que aterrize.
Vou fazer de conta que sou um poema e sua estrutura macia,rica em estrofes,vontade de virar um soneto não me falta,nem vontade de rimar.Há quem diga que haverão pesadelos durante as tempestades,mas eu acredito que nunca é tarde quando acendemos o fogo com vontade. O homem inventou a roda,também inventou o fogaréu das noites as quais ficava nas cavernas, então ele é capaz de tudo ,de subir montanhas e construir vilarejos,campanários e sentir que falhar é um processo natural de toda humanidade.Durante o começo dos séculos,antes mesmo de haver morada para lacaios e estranhos, muitos sabiam que a serpente dos maus comentários preparava seu bote,que a morte era o início de novas aventuras e que corrigir fracassos era abrir as portas para um novo retrato,onde se podiam avistar riquezas e também aqueles que eram pobres de espírito.
Felicidade é um alvo com teor de náuseas,com teoremas e pausas,com alegrias e surpresas,não existe só pólos negativos ou positivos no mundo.Durante a hospedagem dos cometas aqui na Terra,muitos seres foram extintos e outros inaugurados. Saiba que os comparsas do crime ou de qualquer ato insolente fazem por merecer recaídas ou sofrimentos,que nos corações mais entusiasmados há a esperança de crescer sempre e se tornar um sol nascente.
Cicatrizes e marcas de nascença não me faltam pra dizer, que sou os pontos a corrigir qualquer veia dilacerada. Quando não se sabe mais o que dizer a gente embroma,vai repetindo cenas,reprisando acontecimentos,fazendo das viagens insólitas,um aprendizado diário sem menosprezar os professores que passaram durante as fases de dúvidas e incompreensões.

terça-feira, 4 de abril de 2017

DESCONTROLE

Desmembrando troncos
destroçando membros
açoitando idéias
desfragmentando mancos
eu atolo barros
esbarro na lama
o caos é meu rompimento
descabelo temperos
que destemperam o drama
se defeco no feltro dos meus enredos
estou cagando e andando pra defeitos
os meus são subalternos
de todos os meus segredos
se afloro com flores meus traumas
é que a gangrena de minhas antenas
captou atrofiamento de causas
se fartura exposta
me causou sutura de rosas
é que me encontro na clausura
me alimentando de espinhos
deturpando carismas de aneurismas
e trazendo pra perto o peito incerto
das mais coléricas guerras bélicas
na paz azulejos enterram o chão
enfeitam a casa da solidão
desfigurando figuras em vão
não controlo meu apetite voraz
voracidade é na tenra idade dos mortais
descontrolando encontros marcados
não me marco com tremulas trenas
sorrateiramente estou a léguas de réguas
que medem a descompassada flecha do rancor
mas sempre me considero um alvo certeiro
estou obrando pra velas que me chamam
e fazem eu luzir em dias inoportunos
desmembrando lascas de iscas
eu fisgo meus tendões na noite insólita
pesco minhas aventuras mais remotas
pensando nas brisas efêmeras dos calcanhares
e me apoiando nas proles de minhas horas
que passam sem dar satisfação


MUDANÇA













Derradeiras crises existências
começam a me causar introspecções
introvertido não consigo me localizar
por isso dou um salto instantâneo
mudo de figura alegrando meu semblante
no cume das minhas vísceras
faço questão de alcançar o topo dos trevos
realçar a sorte que tanto me afortunou um dia
cordas se afrouxam no meu colo
entro com os ventres à flor da pele
renascendo das cinzas e sentido as rosas
deslizarem suavemente pelo meu braço
a cotovia canta enquanto as luzes do meu solo
regem a penumbra para que ela se torne lua
as portas do meu lustre individual abrem
fazem a felicidade dourar e durar
começo a dirigir sobre veículos que sorriem
e sabem a hora oportuna de estacionar
nenhum carro em transição me aprisionará
se um retirante do transito me para
eu grito e afasto esse tédio eminente
não quero as crises a me rondar no asfalto
pisar no acelerador da pressa e não pensar
isso me conduzirá ao fracasso
quero sentir o aroma viril das frases de impacto
sentir as crases me acentuarem de fato
me assentar nas bases e comprovar os atos
como prova eu tiro retratos
averíguo cada cacto sensato
para que eu não me comprometa com espinhos
e sinta sim o frescor concreto dos cravos
me deliciando como lebres da fertilidade
buscando a fortuna e a liberdade



















FOLHAS

Dois tipos de folhas me questionam
a folha do caderno que ergue palavras
e serve pra identificar sonhos
e a folha de um outono que seca
definha quando o dilema é a guerra
com mãos em punho escrevo poemas
deixo a imaginação e a real compostura
fluírem sem nenhuma flecha
a atingir com quedas múltiplas a dor
já a estação das rugas e do cansaço
viu o tempo passar
e hoje já não tem nem força pra falar
comprimida de ideais esquecidos
perdeu seus encantos mais fortes
e hoje canta com a agonia dos mortos
sem o calor dos trópicos
temos que iluminar nossos dias
resgatando a robustez da primeira folha
daquela que enxotou os conchavos alheios
e que pensou em suas próprias conquistas
temos que entoar cantigas de acordar
não ninar pensando na próxima estação
o outono já se preparou para o inverno
sente o ardor gélido remoer suas entranhas
temos que lapidar nossas façanhas
não cair no conto do vigário incrédulo
nem acreditar que somos adeptos
de um vilarejo seco de emoções
e gotas que não choram
os virtuosos derramam prantos de glória
não inundam os lares de alegria cativa
que cai sempre na mesma rotina
como gatos atrás de um novelo de lã
temos que ser valsa
e não falsos em nossas cantigas 

OBRAS SOBRE SOBRAS

Ossobuco ouço tua boca
não me contento com sobras de obras
que não se contemplam
com restos que não se mantém
nem mesmo astutos em seus princípios
é bem melhor se deixar levar pela grandeza
que pelos inválidos vícios
e se eles são miúdos em seus rebuliços
prefiro o desperdício
que roer os ossos feito um carnívoro
mas quem me conhece
reconhece o viril aplique de metas
que me sustenta
não é lavagem de poucos suínos
que me alimenta
não é a drenagem de suplicas audíveis
que me orienta
é a passagem pelos alívios de contas
que contam minhas qualidades e setas
e na mira de maravilhados planos
eu me maravilho com meus atalhos
não perco meus caminhos
diante de poucos talhos
não são réstias de alhos ignóbeis
que me farão arder no inverno
nem uma lasca de mesquinhez
pequena e sem importância
fará eu ter a inocência de uma criança
são fatos consumados e de alta precisão
que colherão os grãos numa boa safra
e não acolherão minha total ingratidão
falta originalidade nos pratos de consumo
mas eu reconheço a fome do mundo
só não ostento a miséria no escuro




SUSPENSÓRIO CUJA VESTE É SUSPENSE

Sobre os telhados minha cabeça pulsa
nenhum pouco avulso
sentidos e razão alvoroçados
nesse percurso de imagens
penso nas minhas viagens pragmáticas
com consciência didática
sou um auto de data
e ostento minhas bagagens emblemáticas
seja do feitio das minhas estiagens
ou nas estações ruborizadas do verão
não sinto frio nem freio
dispersarem meu pensamento em vão
sem o feudo das máquinas a me encobrir
não planto vantagens nem engrenagens
com o intuito de corroer as veias
de um tão famigerado coração
nem irei correr de encontro as teias
que irão me levar direto à evasão
contundido pela falta de foco
o ermitão alça planos de voo imaginários
eu carrego minha alça e viajo na estação
não é época portátil para distração
por enquanto busco passaportes solidários
e caminho nas nuvens da atenção
sem me perder do foco revolucionário
que irá atender minhas necessidades
mas se me sustento com suspensório
qualquer suspense fica mais embaixo
com as hélices do helicóptero
eu me aconselho e decolo















LIMPEZA

Reato com meu cadarço
e saio com minhas pegadas a passear
nunca me embolo em minhas cortinas
a vista está cansada mas avista
qualquer recanto de calma parada
saio a rua para estacionar os freios
clamar pela pista de meus anseios
sou devoto de corridas e pausas
que alfinetam meus tropeços
sou atleta em meus espessos espelhos
reflito a rota de chegada
que me leva até espíritos que não bocejam
acordam pra tudo que eu almejo
e não escondem de graça meus segredos
nas avenidas cansadas procuram
por bons espectros
e assim nas alamedas das escadas
eles sobem e nunca descem
não desalinham seus plasmas
nem embaraçam seus fantasmas
humildemente separam o joio da carcaça
férteis nas entrelinhas do sossego
limpam a alma do apego
e não se prendem a matéria do excêntrico
que se apega a farpa do apreço
arejo minhas travas afinadas
me encontro comigo mesmo
dando ritmo ao descompassado cisto
que incomoda minha cápsula arcaica
uma fissura em meu terno engomado
não pode mudar meu destino
mas deixar um tanto quanto bonito
os corações utópicos
que se vestem de incertezas
e não dão saltos caridosos
gracejo meus enfartes ilógicos
palpitando sobre batimentos
dos mais harmoniosos
e seres luminosos não desfalcam nos conselhos
seus impasses mais atenciosos












DÚVIDAS

Me ver sobre charcos amorosos
e não poder mais chover
nem sequer alugar o rosto
pra que luzes encharquem o céu
e se confundam com o brilho
de teu sorriso perfumado
ver alvorecer a chave do sol
e não se abrir para o calor
já não posso recitar as chamas de cor
nem bronzear na doçura do teu amor
porque nem sempre depois dos raios
vem a bonança incrustada no farol
e depois do bailado das replicas de corpo
perdi o rumo e não encontrei você
somente as cópias perdidas e à deriva
mas o abraço original destilava partidas
nunca mais pude chegar
de encontro a tuas caricias
eram avulsas as páginas do teu complemento
e eu me desmembrava sem saber aonde ir
nem conseguia buscar meus pensamentos
para encontrar teus artigos e estruturas
me perdia na leitura do meu próprio umbigo
o ego não me deixava atolar em outros mundos
era tudo um emaranhado de sufoco e rigidez
mas a palidez de meus olhos não deixavam vez
nem atribuía a teu encanto uma única nota
que condutora de marquises edificava quotas
eu multiplicava em você meus dias felizes
fazia de teus entes mais queridos
uma rota libertadora de meretrizes
não calava no breu antagônico de tuas causas
me via sem equilíbrio no labirinto
lábios rentes de quem não esquiva teu brilho
que só finca molas que impulsionam brisas
era como um sol multifacetado e colorido
dizendo na arquibancada dos lírios
que forneço flores quando brinco macio


LOUCURA

Loucuras em burras bulas
louvam os loucos e suas torturas
a remela das meras vitrines
não irá limpar as sandices
pelo contrario sujará as curas
que podem sarar o sarro das confusões
e assim alarmar a lama do caos
se afundar em areia movediça
não move trauma somente enguiça
e aprofunda todo remorso e culpa
que a cretinice ao esculpir mentiras
se atrapalhe de trapos
não de camisas de força
aqueles que são mais fracos
já atrofiaram demais seus cacos
e hoje não vivem inteiros
cíclica clinica de vivas almas
que perderam seu estado primordial
e hoje vivem de uma forma linear
azucrinando os pobres coitados
que perderam a língua
e não têm nem mesmo o que falar
se o silêncio é a porta de entrada
a maçaneta será o hospede do planeta
a abrir os sonhos daquele
que já fincou seu pé na sarjeta
fissuras em frisadas nuvens desajeitadas
uns dizem que os insanos não pensam
têm a cabeça ao relento pegando vento
não se aconselhando de idéias
mas da estéril idade que antecede a vida
ficam mergulhados no passado
de suas mais amarguradas feridas
é que o amor não mede pegadas
e muitas vezes se escurece nessa longa estrada
deixando o coração dos desprovidos de calma
trêmulos de uma ansiedade
que ao mesmo tempo é pura e ilógica
mas quem tem sala pra se coçar
nunca chegará ao quarto sem purificar
sua válvula de escape
e não escapará da ansiedade
que é o ranço de quem vive na obscuridade
















MINHA EVA E MEU ADÃO

Contundido por uma esfera de nervos
ex fera e seus males e crises
me vejo a florear sobre serpentes
a cair de boca na maçã do estrupício
uns afirmam com unhas e pentes
que a mulher do paraíso era vaidosa
mas lhe faltava fibra e era nervosa
servia de precariedade
exaurida de confusões e conchavos
por perder seu juízo
que de certa maneira afinava os guizos
e esbanjava seus pecados conturbados
já o moço das folhas de parreira
era um rapaz desprovido de bons conselhos
e usava suas palavras como forma de aguçar
as tristezas daquela dona debochada
sem luzes a corrigir as sombras
de suas crônicas satíricas
leviana no ápice da crueldade insana
a mulher se trancava na obscuridade
de suas façanhas medíocres e sem sentido
enquanto o homem açoitava gritos e gemidos
perambulando no mar do pânico apático
se fossem esterilizar seus olhos
veriam que o fel do olhar de Eva
se embrenhava na masculinidade
do corpo de nosso querido Adão
por mais que constrangimento chegasse
ao topo das discórdias entre eles
nunca se calariam devera
simplesmente uniriam ainda mais suas forças
a mercê de um complô vitalício
para fugirem das amarras do paraíso


segunda-feira, 3 de abril de 2017

ADEREÇOS E ENDEREÇOS

Adereços inéditos de endereços
eu encontrei a casa abandonada
fantasiada de zona de rebaixamento
decidi morar em outro posto
localidade melhor haveria de encontrar
mesmo que fosse um imóvel restrito
o melhor é se limitar
mas não de um modo também aflito
quero viver em um rico condomínio
mas não de riquezas materiais
e sim de tesouros alquímicos
produzir festas em garrafas de sentido
sentido horário pra não esquecer de mim
jamais mesmo em outro calendário
comprar um rito de passagem
onde me deite e mastigue verdades
no assoalho de minhas vantagens
vejo possibilidades em todos lugares
mas prefiro mares que vem pro bem
morar onde o balanço da onda
me faça revigorar as idéias
sem que eu me perca de meus atos concretos
nas cercas comedidas pela proteção
prefiro parar de impedir meus fluidos
de gotejarem na selva dos assíduos
assíduos de contato direto com o mundo
indivíduos com malicia nos planos
normalmente perdem os laços que os unem
à moradia de seus passos clínicos
caminhando eu me trato das inconveniências
busco soluções para meus tropeços
insones quando atos falhos
fazem o larapio não perceber a quebra
de seus mais altos contratos
e nas lepras de seus empecilhos
busca dividir sua alma
para quem quiser ouvir tolices
eu não sou adepto de mentiras inúteis
nem de lorotas camufladas de omissão
prefiro revelar meus abusos de honestidade
quando decidir casar com novos lares
e assim encontrar um lar doce mar
onde eu possa navegar eternamente

EPIDEMIA

Efêmeros me deixam contundido
errôneos me afligem os cotovelos
sinto uma grave dor
que não suaviza como novelos
pelo contrário escraviza meus erros
e assim me sinto capataz dos acertos
tentando corrigir o que me corrói
é de se espantar a gravidade dos obeliscos
que caem ligeiros sobre a minha cabeça
correm todos os riscos
e seguem trajetos helênicos
é uma odisseia cotidiana e cheia de visgos
que preenche minha cova
também desliza no precipício
é um arsênico com características de mosaico
engolimos fácil mas sempre tem seus enigmas
nem sempre os anestésicos cauterizam guindastes
e mesmo assim sinto o peso da consciência
me aturdir a qualquer instante
herdeiros do apocalipse invejam minhas virtudes
rogam pragas contra meus canivetes
que cortam as impurezas do mundo
e que só trazem felicidade
é de se estranhar que chovam turbantes
pra proteger os jovens de suas ilusões
mas redomas sempre cobrem os mais frágeis
e adolescentes são como gotas no ralo
nunca se sabe onde vagam seus pensamentos
servos me deixam em frangalhos
às vezes me remeto a completa vastidão de meus atos
escrevo cartas de euforia e alforria
para amenizar a brutalidade dos capitães do mato
exímios coléricos me passam boas epidemias
epidemias que fazem tolos acordarem para as alegrias
e destacam ainda mais as profecias dos sábios
me sinto um sacerdote coberto de dotes emblemáticos
que esparrama palavras de grande magnitude
em largas etapas reata significados lógicos
e embute em seu colóquio frases de impacto
indecentes geram ódios galanteadores











EM TRÂNSITO

Construções em vagas de estacionamento
paro e reflito sobre a fabricação de estradas
se continuo seguindo em frente
ou crio uma avenida de parada obrigatória
medito e penso no constrangimento das ruas
se elas são inertes
e forçadas a suportar vias de acesso
a deixarem-se guiar por carros ou ônibus lotado
isso pra ver que as idéias do cérebro se movem
nunca paro para pensar nem com arrependimento
se é vão qualquer túnel ou acostamento
mas reflito que chegarei ao final da luz
encostarei meus cabelos na pele lisa do tempo
para iluminar a seda sem a greve dos caminhos
pegarei um trânsito tranqüilo e não atolado
pra não me atropelar na lama do caos
e se são leves as locomoções
que eu me locomova diariamente
quero ver semáforo farejar o sêmen das minhas pistas
que não para de se multiplicar
e faz eu acordar para vida
me entretenho com confusões precárias
não com abusos cinematográficos do dia-a-dia
prefiro a serenidade dos corpos em câmera lenta
mas também a rapidez dos sonhos
que eles se realizem como fetos a virar embriões
e deixem que depois de nascidas as realizações
caminhem amenas e com totalidade de calma
para que não haja resquício de duvidas sobre certezas
eu quero correr macio e ver proliferar as crianças
pois elas tornam o mundo sensível e otimista
e não conturbado como as crises de segurança
que criam os cintos da desconfiança






PROFANADORES

Profanadores de adultério
e nem todos são adultos levados a sério
adulam com sedução suas amantes
blasfemam contra a ordem dos honestos
governador de privilégios
engana a todos com seus mistérios
esconde por debaixo dos panos
seus mais incríveis sacrilégios
são lacaios que surrupiam objetos
que já serviram de instrumentos aos mais éticos
e que se vestem com os farrapos do caráter
quem não tem escrúpulo se perde no poço
mais fundo da cobiça e de outros pecados
sejam capitais ou interioranos
o que vale são os mirabolantes planos
colecionadores de cemitérios
enterram seus próprios corpos
em condições miseráveis de viuvez
não encontram viva alma
para mudar seus destinos e horóscopos
se perdem nos cornos da sarjeta
e são traídos pelos mais próximos
encantadores de cobras e sua tez
rastejam em busca do canto perfeito
são perfeccionistas ao extremo
dotados de guizos entreabertos
para acordar suas serpentes
encanadores de tubos de oxigênio
se perdem o equilíbrio matam uma por vez
mas se entram pelo cano da rigidez
ganham mais fregueses
aglutinadores de diários
escrevem palavras certas
e defendem suas metas
com unhas e dentes
eles nunca se calam de verdade


TOQUES

Toques retilíneos de uma falange
onde escorrem os dedos
correm anseios monótonos
e falsários elegem seus adversários
nos aniversários dos delinquentes
inimigos apontam viagens seletas
escolhem seus amigos por ordem sistemática
se o sistema permite que haja ajuda
lá estão eles solidários aos solitários
encostar os metacarpos nos hábitos matinais
fazer cafunés na cabeça da manhã
me parece um cinismo atroz mas atrasado
é de se espantar que esbarrar o indicador
onde alguns apontaram seus erros
me surge como uma desconfiança orbital
mas tento sair de meu eixo e aceitar problemas
que nem todos se acharam e se perderam
há um indicio de que os rivais
colaboram com seus adeptos da marginalidade
mas eu creio na permanência da amizade
portanto é hora de rebuscar sorrisos
estampados acima do queixo
por isso que também não me queixo
e aceito falsidade mascarada em veracidade
os verdadeiros conselhos estão em suas máscaras
em suas cápsulas de lealdade
é momento crucial de descascar as cascas
e encontrar o que fica por dentro
toques retilíneos de uma falange
quando esbarro nos meus planos de canaviais
adoço melhor a ferida e me sinto
como borboletas coloridas
mergulhando em suas rosas da sedução
não tem porque me encharcar de espinhos
e chorar na flora da redenção
só tenho que me render aos polegares ativos
fazer figa a joia rara da tentação
tentar achar caminhos que não me desgrudem do barro
onde fui forjado e criado a semelhança do Senhor
nem me contentar com a escassez do braço
abraçar meus conterrâneos
ser um alvo de gracejos instantâneos
e amar quem me amava tanto






INGRESSOS PARA VIAGENS

Ingressos pra vender o rascunho
depois aprimorar seus dotes
se tornar uma cópia perfeita
comprando de volta os dons que sobem
e nunca descer a ladeira do esquecimento
aflorar em gotículas de nuvens
a chuva e seus suplementos
uma boa matéria prima de atrevimento
atenuar as conquistas do carisma
para nunca se entreter com a solidão
com a solidão das rádios destoantes
não se entristecer com os simpáticos
sabendo que nunca terão a redoma
que protege a vergonha dos esnobes
camuflam os retratos da insensatez
e criam imagens desprovidas de catedrais
o espetáculo das capelas em cavernas
não há de criar fanatismo interior
nem polarizar hemisférios avulsos
nas reminiscências do translado
hei de viajar em capítulos e camadas
sem desfolhar meus âmbitos de prazer
sem acovardar minha serenidade aguda
farei da saída dos meus medos
a porta de entrada para a coragem
se na cruz dos meus anseios pregar um século
hei de acordar uma década mais nobre
overdose para engessar os potes
não me causa efeitos alucinógenos
nem me deixa firme no chão da discórdia
concordo com minha capacidade de redenção
render aos encantos da minha adoração
gostar das emoções mais aplaudidas
e nunca vaiar meu coração










FALSOS OU VERDADEIROS

Vou acionar um jato de relíquia
que me leve em altos vôos até a estrada
mais nua que não tenha ninguém perto
vou me afastar da muvuca de seus créditos
me embrenhar em meio aos débitos
prefiro ficar sozinho nessa selva de sidras
e não alcançar a acidez que corroí
e correr tentando encontrar meus pés
vou colidir com meu único transeunte
meus pensamentos vagos e sem clareza
não quero ter que esbarrar nos pedestres
que atropelam meus sonhos de aluguel
quero alugar a fita sem filme
das lembranças miúdas da minha vida
comprar os álbuns que retratam
as dores de minhas feridas
vou vender minha caretice suburbana a prazo
a fim de nunca perder de vista o que vem à vista
porque é nessa de presentear favores
que um dia ainda fico cego
quero regalar meu único trajeto
de envolver pernas bambas na corda bamba
e nunca mais me equilibrar de fato
é cambraia de carne
que envolve de leveza minhas cartilagens
mas quero sentir na alma o teor da dureza
e nunca mais sentir o vento tocar o chão























domingo, 2 de abril de 2017

O QUE RESTAM DAS FESTAS

Pra festejos e conversas que mudam de assunto
assentei garrafas em trevos de quatro rolhas
e assim fervilhei bons fluidos
que se abriram quando a pressão do champanhe
não castrou canudos numa noite de refrigerantes
bebidas etílicas romperam o calor da madrugada
eu em meus invólucros da fortuna
preferi ficar no copo d`água
a humildade em que se encontrava a umidade
fez meus olhos escorrerem de felicidade
era explicita a noção de bem estar que fluía
num revoar de estrelas
luzes incendiavam o céu
e eu cristalino e absoluto radiava chá de mirtilo
é claro que estavam claras as realidades
mas o mundo mágico da fantasia me rondava
era tudo uma questão de ponto de vista
a ser atribuído aos reis da boa conquista
eu iria atribulado de euforia me condensar
em pequenos goles de nostalgia
lembrava dos eternos bons momentos
e me via em mais uma festa de charcos energéticos
derramando alegrias sem cessar
pra gracejos e bate-papos que sondam paixões
eu até era galante reprodutor de vulcões
entrava em erupção constantemente
e me brindava nas taças do sorriso infinito
fazendo o que é mais assíduo e bonito
uma festa para a comédia da vida humana
sem tragédia e sem drama
que copilasse em horas insones
ouvindo o melhor vinil descompassado da minha infância






ARDILOSO

Deixei a forma esférica do meu retorcer
emitir estalos ao redor dos grunhidos
que edificantes restauram sussurros
que lamuriantes dão voltas ao mundo
quantas ondas sonoras já passaram
em módulos de resquícios perturbadores?
quantos cataclismas já anunciaram abusos?
e quantas areias movediças
sugaram um único filho das tempestades?
é gravidade abaixo de zero
a gelada em que se meteram os otários
é friagem em clima de meros noventa graus
negativos e sem altruístas desfalques
coloquei em órbita o filme das antenas
e não sintonizei mais lucros prestativos
só pensei na puberdade dos preservativos
e me informei sobre um sexo passivo e ordinário
a castidade singular dava lugar
a uma seta circular e ardilosa
deixei de registrar arquétipos vulgares
de um bem estar viril e contaminado
passei a meditar em sentido anti- horário
o barato da vida é ficar tonto
enraivecido de tantos vômitos
e ouvir noticias secundárias de um pasquim
saber que chegou o fim
é o atraso da sorte e não da morte
defecar no azedume que é a gula
é deglutir o que é ruim
e tornar-se vizinho dos pecados

ANÁLISE CLÍNICA

Cíclico mecanismo de entorpecer cristais
pra que a energia de alguém se perca
em uma tumba de mortos
e nunca mais se aventure
essas são palavras mórbidas
daquele que se esqueceu de viver
que avistou o lado sombrio de suas fábulas
e nunca contou estórias felizes
nos dias atuais lê bulas de tédio
se perde em meio aos tratados de esgrimas
e luta com suas fugas intermináveis
deixando de correr perigo
é preciso açoitar o alivio
da maneira mais singela que se pode
nos calcanhares derrubados pelas avalanches
o ódio mortal de destruir sua estrutura
condenou o rapaz a coletar peças do acaso
e descobriu que não há ferramentas
que troquem o destino por aceitação
têm engrenagens que corroem o coração
e parafusos que deixam o ceticismo
mais afinado que um instrumento musical
devemos derrubar nosso equilíbrio torto
nos endireitar feito torres modernas
buscar novos apetrechos que nos tragam
muita e sustentável confiança
quem se machuca com seus dotes mentais
está entre a vida e a morte de seus armários
engaveta sentimentos bons
e não se liberta nunca mais

REDOMAS OU AROMAS

Nas redomas incrustadas em diamantes
percebi varandas ao redor das mentes
é o desejo de buscar joia rara
deixar a riqueza dos gracejos não parar
buscar um afago subterrâneo
nas alcovas interiores
sem grandes centros urbanos
sem reação em cadeia a prender de vista o cotidiano
é cerrar-se num intransitivo espasmo
não deixar o menino profanar o fiasco
mesmo que isso lhe traga prestigio
e encobrir de bons tratos as vendas dos olhos
pra que os gastos não fiquem em frangalhos
é deixar secar os chuviscos das pontas
encontrar forças laterais para os pedais
e trazer a tona água em seus canaviais
é adoçar as doses enfadonhas
de todo açude que te leva pra trás
é encontrar na pequenez dos bálsamos
relíquias que te conduzam em passos largos
é rejuvenescer as rugas do cansaço
encontrar a formula mágica da juventude
sem se perder nas antecipações do tempo
encontrar um vilarejo onde possa dormir
e hibernar amiúde minhas mágoas
sufocar em trepidas culpas cristalinas
todo suplicio entrevado
























SEM JULGAMENTO

Não julgue um livro pela capa um rio pela carpa  um herói pela capa  esteja sempre em casa ou  em Capri pessoa imaculada  o eco de mil sarna...