quinta-feira, 30 de novembro de 2017

DA LÃ AO LÁ NEGRO














Aceite o cinto da mudança
aperte a veia da segurança
sobre o embrião automotor
aceleram vidas com pudor

no carburador há mão oca
carapaça em rosto andante
que cerrando olho volante
perde o freio da sua boca

degenerando ferro velho
restruturando ponto morto
bateria abate cisto posto
e chassi faz despautério

Cristo é prego do meu eu
reles protótipo carismático
anjo bento do oceano ateu
mentira fanática do prático

trocar alavancas bilíngues
falar mais que uma estaca
suplica nocaute aos ringues
rosários sem rosa escassa

Deus boxeador atira pedras
delas nós fazemos sopa
Madalena come a trompa
que Maria abocanhou deveras



IRRESISTÍVEL

Irresistível
uma louca doida ensaiando insanidade
acima de todas as coisas
irresistível
um crime realizado com perfeição tamanha
que nenhum juiz condena à prisão perpétua
uma libélula voando solta na amplidão do céu
um véu 
grinalda e casamento
aliados com aliança no dedo
uma criança brincando de escoteiro
ateando fogo com gravetos
irresistível
emblema de marinheiro
água no banheiro
quem quer tomar banho no chuveiro?
irresistível
poema com direito a rima e trocadilho
você que segue o trem pelos trilhos
não fica a ver navios?
quando passa uma mina pela rua
você pensa logo e dá um assobio
por que aquela mina é tua
e mesmo tímido sempre há o calafrio
o medo de ser abandonado
mas é irresistível
cada momento é sagrado
condecorado
quando se colhem as flores bem pensadas
e o arranjo fica mais bonito para o teu amor
tudo vale tudo
não tem nada que não valha nadar
em busca do teu solo firme e do teu mar
busque o bosque
o teu amor não é trote
é pura realidade
é sorte simplesmente
de encontrar nas províncias de teu lar
uma chama que acesa cresça no olhar
irresistível





LAVABO

Feliz por estar cambaleando de sonho
e enxergando o pesadelo de ontem
como não tem par de erro
nem fonte de desejo imundo
a todo custo sou limpo
a todo preço o esguicho me lava
é lava d`água que ilumina a pepita de trigo
a fertilidade da chuva me encaixa como uma luva
enxágua os sonhos felizes de um novo mundo de paz
e faz de gota e lavabo
o primeiro passo que segue em frente
eu não acabo com meus gastos
pra procurar qualidade naquilo que faço
trago rosas e cactos
espinhos cravados
aqui transformados em Nilos de amor
e um rio de lágrimas não irá me deixar muito mal
atravesso portais de chama que me chamam
areia e sal nas ondas do mar
um poema de rã pula no pântano
e sapo do alto do antro da perdição
achando e sarando o Saara na praia de Bagdá
será que dá o coração do Brasil?
pulmão de ar respirando com a força da vitória o cantil
um canto mil
um lado viril
um braço
um pedaço
um beijo de sítio
uma chácara de índio
uma canoa
ele caçando voa
e eu corando de vermelho
sou a cor do amor no sangue do avô
e ela a mãe que dá luz a lousa
que escreve o futuro no futuro do caçador
musa de todo esplendor
que deu a luz a seu filho
que deu a luz e suor

CEDO O MEDO

Medo é ter medo
cedo é acordar tarde demais
vidro é quebrar a vida
o corte da vida
cidra é adoçar o esmalte do dedo
ter as mãos afiadas diante do cego
cego é não desapontar a sombra dos males
emprego é trabalhar pela paz em outros lugares
aqui e no sossego decorar os papeis dos atores
prego nas páginas dos escritores
motores a álcool aquecendo combustíveis
fogo lacrimejando nos crocodilos menores
lágrimas falsas de seus falsos senhores
córrego d`água por onde drena o náufrago e o apego
apego pelas coisas materiais
e pela benção dos meios sociais
figo é fruta do pecado
sociedade é vestígio do pecado
visgo é culpa do terno engomado
voltemos á estaca zero dos gomos da fruta
fico por dentro de qualquer mudança de atitude
sinto-me o réu confesso de um atraso imediato
mergulho sem boia
fumo sem charuto
jogo lego sem esquentar a cabeça
encaixo as peças de um quebra-cabeça
defunto é o viúvo morto da própria insônia
e o fluxo de um vivo é a chama acesa de anteontem
tudo é luto quando abuso e concluo que está escuro
escuro é um pouco mais que meio muro
mundo é o mudo que não deu certo diante do susto
puto estou hoje
quando estou pronto acabo com o poema do medo
ao ponto de trazer a coragem pra bem perto
defeito é trazer a qualidade pra longe do peito
eu sei faço tudo desse jeito remoto
controlando o leito

terça-feira, 28 de novembro de 2017

BESTIAL KILLER

Qualquer zelo no cotovelo
é uma patada no meu erro
se mantenho o desmazelo
envio ratazanas pro bueiro

na falada da noite rouca
vibra orifício sem indício
vaca atolada lava louça
com ruminante rebuliço

Chifres impermeáveis da razão
dando um coice neste touro
você cavuca os miúdos do não
e arranca as vísceras do mouro

unicorniamente estou ao léu
decapitando cabides sem gancho
grampeio martelos sobre o réu
que prega parafusos no tacho

enquanto nicotina traga maços
no ventre das éguas mal paridas
fumo crinas em rabos de tabaco
violando os alicerces da partida

apesar do contra-regra se regar
à bruma de um canteiro repentista
construo o regador sem molhar
as saunas condensadas no artista

Rebanho banhado em duplicatas
que clonam o ciclone turbinado
pulverize progenitores psicopatas
desinfete o agrotóxico destilado

juramento pisoteado no lamento
e fúnil viril sem uma gota de fúria
são fobias,o boicotado fermento
a mancar nos tendões da luxúria

Bestial Killer no país das novilhas
degola pastorinhas e criancinhas
a fim de esquartejar mil maravilhas
entre as quais sete são serpentinas


sexta-feira, 24 de novembro de 2017

OPERANDO

Próspero ópio que opero
nesta ópera desafinada do meu cérebro
brota uma esfera de proporções quilométricas
estou com a cabeça nas nuvens
e com restos de ferrugens
já não estou consciente do meu ser
sou uma fera indomável
estimulada pelo prazer
de reatar com minhas drogas
o que fazer?
tentar me aproximar a meu ver
do que me traz alegria
fenômenos de pura satisfação
somar em nome de meu Pai
toda e boa felicidade
que vem do coração
sem repúdio á cidade
sem baixaria
ser um discípulo do pular
mais alto do que se pode
esbanjar total euforia e ansiedade
a ópera tem que vir da alma
operando leves estruturas
quanto ao ópio deixa-lo longe daqui
meu cérebro será feliz quando
eu encontrar minha matriz
invés da filial
que não me dá força motriz
pra rezar e amar com gratidão
preciso de afeição
e não de defeito de fabricação


domingo, 19 de novembro de 2017

HÁ LÓBULO POR TRÁS DA RAZÃO

Tenho um pequeno lóbulo na orelha 
igual tinha Van Gogh 
hoje tenho vontade de nhoque 
pra me alimentar de você 
tenho várias opções
um leque pra abanar corações 
e me refrescar com você 
um cheque-mate pra nunca assassinar você 
mesmo quando eu como glacê 
ou te dou um bolo porque fez por merecer 
me lembro sempre de você 
meu pavê feito pra comer 
com os olhos diante da tv 
lembra nossas noites de prazer 
como eu te quero meu bem querer
 feito uma flor que vai florescer 
durante a primavera meu amor 
quero te amar com toda cor 
de um arco-íris que vem me ver 
mais flecha do que arco 
mais Amazônia do que Acre doce 
que vem me entreter 
quero usufruir de você 
durante a insônia ou acordado 
quero te ter cupido do meu lado


sexta-feira, 17 de novembro de 2017

TÁXI UIVAR















Jurei manter em gritos meus sonhos
afogar a venda de meus eventos
surrupiar agenda de meus segredos
é meio termo que treme
nesses dias dilacerados
é noite que desnorteia
nesse inverno invertido
procuro a uruca de minha cuca
a túnica lúdica das fumaças
é com a pudica lira crônica
que a súplica leva surra
mas não aguento muito veneno
a laboriosa chibata
agonizante dentro de meu ventre
e sobre os uivos de meu tórax
um táxi conduz os lobos
à garagem das alcateias
é lá que devem ficar as feras
longe de minhas tabernas

terça-feira, 14 de novembro de 2017

LEITE DERRAMADO


Há um desvalido de sinceridade constante
que deixa minhas veias autistas
não se revelarem como sangue de artista
e que faz águas vermelhas se perderem
à margem de um sofrido continente
quem não é honesto e se perde nas areias
caquéticas do mau funcionamento
não consegue drenar sua maré viva
deixa sim as artérias correrem desalinhadas
e nos desatinos das curvas onipresentes
solta os fardos mais que pesados
e não afrouxa os fechos carpinteiros
das velhas encruzilhadas
são carpideiras destilando o fel
feltro feito de irremovível verniz
que respinga no vinho vencido das igrejas
e seja por pueril vigília de um traste qualquer
ou por pestes que vivem a míngua na sarjeta
nunca enganarei meus córregos
aterrado-os em artérias
não colocarei rejeições em meu leite derramado
sentirei severamente as cócegas de minhas tralhas
trocarem as vestes dos armários
e tocarem de pranto aberto
novas possibilidades de risada
sobre as gôndolas leiteiras do passado
não sentirei mais as dores verbais me assolarem
nem o ganho e a perda de minhas natas
me amamento de idéias hilárias
e corrijo nesse corredor de óvulos
hábitos de uma grandeza sustentável
para multiplicar os alívios de compensação
não colocarei em meu corpo
fluidos e sêmens da rejeição
nem farei a asma que contem as palmas
sufocar de aplausos a reticência de meus atos
se as exclamações de minhas entranhas
optarem por horas a fio de interrogações
ponho vírgulas e pontos em minhas emoções


BARRA DE FORÇA




















Forçar a barra para que se faça a cura
a curva da alma em prol de um urro
que propague no espaço das feras
e faça de todos cidadãos fortes

Mensageiros do trauma
não irão guerrear com os sustos
nem fazer da fé uma ré de falhas
para que perdure a revés dos fracos

Intrépidos guerrilheiros irão fecundar suas jubas
para que nasçam leões nos colos dos aventureiros
já a lua dos lobos enfrentará caminhos inóspitos
para que se explodam canhões nervosos

Enfraquecer os inimigos é uma abordagem de bandagem
onde só se cobrem maus ferimentos
o importante é se tornar amigo dos lacaios
formar jogos lúdicos com os bandidos

Fúrias afuniladas nos porões irão se soltar
e do interior dos continentes nascerão gladiadores
que ofuscarão os nódulos infames dos fraquejados
deixando golpes de reatores renovados

segunda-feira, 6 de novembro de 2017

UM ARSENAL DE SENTIMENTOS

Uma avalanche de incidentes precários
não virá servir de subterfúgio a escassez
ao dilúvio mediúnico que há de captar
em auroras enevoadas meu silêncio
amiúde conquistarei sopros cartesianos
implantarei o soro da cura
para que possa redimir meus fracassos
acenderei o cetim no fetiche das bigornas
gerando leveza em vez de lugares pesados
um entulho fará varreduras em meus brônquios
e trará frescores á órbita cintilante
todo ar que respiro tem um lar
e assim morarei aliviado e menos tenso
sem perder o senso do exímio
pois não quero bancar o ridículo em meu veio
no seio da terra que me cria particularidades
haverão partículas de um bem querer amoroso
lá impostarei a voz para ecoar nas grutas
me sentirei em casa devastando horizontes
nas partituras dos meus sustenidos
darei um tiroteio mensal aos meus gritos
mas um tiro de flores a lavar a alma
com cheiro de canções encantarei meus pulsos
e a serviço dos brilhos do sol
luzirei sobre as chamas iluminadas do amor
é bonita cada virgula que se torna ponto
a exclamar suas afinadas indagações
me lamuriar não está nos meus planos cerebrais
mas está nos momentos arejados em que uso a mente
mente dos cobertores a me socorrer
a trazer conforto para todo o meu corpo
esquentando como viseira os cílios
mais perturbadores e insones
agora acordo para as idas e vindas do espírito
que elas não tentem medrar minha carcaça puritana
mas que tentem tornar obra os restos da sobra
sobra embutida em um criado mudo
que se torna servo liberto e fala palavras doces
a beleza do mundo está em saber o gosto e o gesto
e não em se atenuar ao custo e ao velcro das incertezas
nem ao sustos dos absurdos e dos mestres inglórios

ESTÁ BOA A VISTA PANORÂMICA?

Encobrir vista panorâmica
é se deliciar com as montanhas
que cobrem a vastidão da terra
saciar doses diárias de encanto
é impostar vozes nos prantos
não deixar o choro se acumular
nem mesmo que gotas de chuva
se empocem atrás da serra
de costas para o mar
é avistar o sereno da madrugada
o semblante das faces pálidas
e mesmo assim se encorajar
é não temer o frio vespertino
nem se escandalizar com a poeira
que varre os territórios nacionais
proteger o lajedo num culto ao amor
é não se ocultar de sonhos
é se libertar em meio as emoções
mesmo que tórridas declamem ilusões
é varrer do mapa as enxurradas
e deixar que o clima ameno
se prolifere mesmo nas noites declinadas
quando as estrelas caem do céu
e se tornam luzes de brilho cadente
é surrupiar o amante num gesto de afago
sorver toda paixão restante do amado
conter em gotas murmurantes
o continente de ilhas do naufrago
é não se equiparar ao exílio nos trópicos
nem se afastar de um dia de verão
é aproveitar o calor do momento
e num banho de cachoeira se deleitar
não medir esforços para os acordes
que acordam as cordas do violão
é bocejar os centros da atenção
e nunca mais dormir disperso
é pedir um beijo a namorada
e o seu carinho não ser o resto
como as sobras de um lindo sentimento
se dar por inteiro em viagens insólitas
mesmo nas horas mais incertas
pedir a ela um gracejo
ser merecedor do arco- íris
é caminhar com as cores no coração
não ver o mundo em preto e branco
nem mesmo pintado a ouro
quando se tem uma única sensação
que a áurea alma há de enrijecer a razão
é aproximando do peito o colírio
que se chega mais perto dos olhos
se vê as belezas da natureza
que uma pessoa se engrandece como homem
ou se tem o frescor das riquezas
almeja o teor da sensibilidade
e se vê como uma linda mulher
abrindo a vista incansável para perfeição
não deixando morrer
os lábios de sua infindável sedução
contar cada segundo de sua vida
é abrir de vez noticias de um diário
confiar nos seus amigos
mesmo que esses sejam os mais lunáticos
devemos amar uns aos outros
para que pingos de esperança
perdurem em nossos lares
como ondas na praia

quinta-feira, 2 de novembro de 2017

UTOPIA REALISTA

Foz que deságua no sótão
penhasco da onda viva
estilhaços não me faltam
fundem a acidez corrosiva

culminando em espécies extintas
quebrando a barreira central
afago corredores em tintas
que mancham meu avental

por debaixo dos panos
entrego mãos sem pulsos
ao inimigo dos enganos
assim remendo os dorsos

quando fuzis AR-15
desprendem balas dos bolsos
soda cáustica vira deslize
cópia xerocada dos descalços

Mestre disfarça sua máscara
desencadeia plumagem óssea
moldura a febre que não sara
disseca as hortas da fossa!

se eu apagar o céu da boca
perderei a menina dos olhos
da mesma forma que uma louca
irá destrinchar seus galhos

gravetos são gotas do oceano
a erguer edifícios sem paredes
em conexão com o mediano
mortaliza heróis de band- aid

embora cortiços destelhados
venerem o âmago da mutação
contribuirei para os atarefados
que bifurcam a transfusão

Utopia das autópsias
que ricocheteiam o cometa
deixa que eu seja as biópsias
dessa avenida estreita!

Cobiçável ganância ritmada
hasteio a bandeira ocidental
você está mais distanciada
vizinha a era glacial!








SEM JULGAMENTO

Não julgue um livro pela capa um rio pela carpa  um herói pela capa  esteja sempre em casa ou  em Capri pessoa imaculada  o eco de mil sarna...