um dilema
escrever na figura visual de um cinema
talvez em câmera lenta
ou abusar de estrondos poéticos?
não sei ao certo
que fagulhas estão corretas
prefiro as iscas que as faiscas
servir de experimento para
minha própria lira
quem ira me seguir ou cultuar minha sensibilidade?
não depende de onde estou nem da cidade
no meio do campo ou entre árvores
dentro da cabeça ou no colo do coração que aconchega
continuo meu processo de procura
encontrar santos ou crianças
que aprendam a serem emotivos
sem motivos aparentes
ou sem parentes desmotivados
quero luzir a noite inteira
de forma formal ou informal
preciso reconhecer o valor das estrelas
suas predileções por claridades
um poema
tema de minhas tardes ou de infinita grandeza
tenho que começar das sementes
ser humilde pra depois colher os frutos
ser antes uma jangada que um extravagante iate
poupar o valor da vida
pra que no presente eu precise gastar um pouco das feridas
que gastei no passado
agora é a felicidade que me incentiva
o senso criativo de roer as beiras do precipício
sem me abismar com o abismo
quero resgatar meus dias sem afrouxar demais os sapatos
quero caminhar com a firmeza das unhas
e me agarrar no que vale a pena
roer é pra quem sabe quando cair
pode se levantar
ou se enturmar com amigos que te colocarão de pé
um poema