sexta-feira, 29 de novembro de 2019

UM POEMA

Um poema
um dilema
escrever na figura visual de um cinema
talvez em câmera lenta
ou abusar de estrondos poéticos?
não sei ao certo
que fagulhas estão corretas
prefiro as iscas que as faiscas
servir de experimento para
minha própria lira
quem ira me seguir ou cultuar minha sensibilidade?
não depende de onde estou nem da cidade
no meio do campo ou entre árvores
dentro da cabeça ou no colo do coração que aconchega
continuo meu processo de procura
encontrar santos ou crianças
que aprendam a serem emotivos
sem motivos aparentes
ou sem parentes desmotivados
quero luzir a noite inteira
de forma formal ou informal
preciso reconhecer o valor das estrelas
suas predileções por claridades
um poema
tema de minhas tardes ou de infinita grandeza
tenho que começar das sementes
ser humilde pra depois colher os frutos
ser antes uma jangada que um extravagante iate
poupar o valor da vida
pra que no presente eu precise gastar um pouco das feridas
que gastei no passado
agora é a felicidade que me incentiva
o senso criativo de roer as beiras do precipício
sem me abismar com o abismo
quero resgatar meus dias sem afrouxar demais os sapatos
quero caminhar com a firmeza das unhas
e me agarrar no que vale a pena
roer é pra quem sabe quando cair
pode se levantar
ou se enturmar com amigos que te colocarão de pé
um poema






quinta-feira, 14 de novembro de 2019

MESTRE DO MEU SONHO

Mestre do meu sonho
me diga se poderei me amar num buraco
num binóculo
ou usando meus óculos

pra que a nítida sensação de meus olhos
não seja menor que um átomo
nem maior que um teatro

Mestre do meu sonho
me acorda desse diálogo
quero ser em minhas entranhas um monólogo
que perpetua de vez em quando
ou num breve momento

me faz despertar num segundo mais óbvio
e declarado o amor que sinto pelos astros
não quero ser um mero advogado
defendendo a Ursa Maior
nem meu signo de Sagitário

toma o trajeto da luta escura
mas não apaga a luz
que também emana da Lua
com ajuda do astro Sol
beba as luzes pra que lhes sirva de troféu

Mestre do meu sonho
seja meu Oráculo
e decifra minha vida de ponta-cabeça
lembrando que em minha mente
também há um coração

antes que o osculo
venha chegar perto de meus lábios
e não o veja mesmo no clarão
saiba que a escuridão é o árbitro
que nos leva a claridade
mesmo que ela decida que não


quarta-feira, 13 de novembro de 2019

GOELA MUNDIAL

Goela
dela engulo sapo e princesa bela
extraio da mórbida tela aquarela
uns me invejam outros são flores na lapela
a enfeitar o gole profundo do amor
que sinto por ela
fábula da vida real
fronte da batalha verdadeira
numa golada só me preencho de cerveja
bebida que me altera
quando encho até o gargalo a tulipa
mesmo quando ela me cheira a flor fictícia


EM CONSEQUÊNCIA DA PRIMEIRA SEMENTE

Do milho domino dormindo
ouço o silêncio do que germina
o lenço que acarinha meus cabelos
é um modelo daquilo que cai de meus dedos
quando sementes atingem o solo tranquilas
da aveia avesso não é velhice
é a bela dormência de meus lábios
que se aquietam durante a juventude
e nascem novamente na mais tensa idade
pois intensificam tensionando
minhas lembranças de criança
e desse modo alcançam a paz
a paz de um plantio
e de um sarro gozado
o que me atiça em alto relevo
o tesão por uma árvore bicentenária
vê-la crescer
estender entreter suas raízes
para que o mundo reconheça
que tudo que existe na Terra ou no Céu
não passa de uma grande brincadeira
entre Deus e seus anjos de trombeta 

SEM JULGAMENTO

Não julgue um livro pela capa um rio pela carpa  um herói pela capa  esteja sempre em casa ou  em Capri pessoa imaculada  o eco de mil sarna...