terça-feira, 13 de abril de 2021

TABALCOLISMO RELIGIOSO

Sigo o aro da solidão
reparo no cigarro
no meio da multidão
a cigarra canta
ecoando fumaça
por onde passa
só eu sei o embaraço 
altas horas da madrugada 
e eu fumando feito procissão 
os hereges acreditam que faz mal
tragar essa fortaleza
enfraquece a alma
e também o pulmão 
por tanto não são ateus
que me dão as bênçãos nas mãos 
mas aqueles que acreditam no tabagismo religioso
gostam da solitária mansão
onde moram os meus olhos
e minha agregada visão 
não enxergo nada perante 
o estrábico colchão
e no outro dia a ressaca
me acolhe o corpo
mesmo encharcado de cachaça
reparte em duplicatas minha razão
e tudo é o dobro 
durante meu conforto
enquanto houver copiloto
pros meus excessos
e tudo é dúbio 
perigoso enquanto existirem indagações 
e distrações completando o soro caseiro
com um pouco de dinheiro
atolado nas minhas dívidas emocionais 
me manifesto com cifras e grana podre
não pego emprestado de nenhum nobre
cidadão nem mesmo o talão de cheque
pra me abanar com leque
o suor e calor dos produtos
que injeto em minhas veias
até então ébrias e sentimentais

SEM JULGAMENTO

Não julgue um livro pela capa um rio pela carpa  um herói pela capa  esteja sempre em casa ou  em Capri pessoa imaculada  o eco de mil sarna...