é o mesmo que calço
o mesmo que faço
descanso o fato
de chover com os pés
e choramingar com meus atos
caminhar é um relato
das peripécias divinas
e juntar as peças durante o caminho
é como uma tempestade no molhado
nunca se sabe quanta água irá cair
se a chuva danificou algum retrato
e embolorou alguma notícia confirmada
se meu livro foi camuflado de status
é por que por mais que eu seja humilde
tenho meu valor e não estou sempre errado
reconheço meus debeis financeiros
e minha abordagem moral de cometer acertos
as cifras caídas em meus olhos
já não me causam tanto solavanco interno
e dialogo com meu espelho
vendo a imagem a qual celebro
de ter amor mais que dinheiro
meu cérebro gosta de cartão de crédito
mas é meu coração que me afasta do tédio
e faz eu amar mais do que gastar
que gosto persuasivo na boca
mas tento afastar esta cultura amarga
do poder acima de tudo
quero ser feliz pra burro
mesmo na fase de vacas magras
quero compartilhar o lado da luz
e clarear a mente sem pestanejar
vencer a fase obscura de qualquer lápis
e colorir meu presente
pra que eu tenha um futuro mais glorioso
é preciso de cor num arco-íris portátil
pra carregar com amor num recipiente
que é tátil como a serpente
que engorda o gado
mas também volátil
sem ser um fardo
a cantarolar um fado frágil
numa alma brasileira de um corpo
em estatura portuguesa
pode ser fácil
mas temos que mudar os hábitos